A Função
Fraterna
María
Rita Kehl
A Função Fraterna - Maria Rita Kehl (org.)
Sumário
Prefácio - "Playdoier pelos irmãos" - Jurandir Freire Costa
Introdução - "Existe a função fraterna?"- Maria Rita Kehl
Parte I- Fraternidade e instituições democráticas
- "Psicanálise, modernidade e fraternidade" - Leandro de Lajonquière
- "Autoridade e legitimidade" - Ana Maria Medeiros da Costa
- "Reflexões sobre a instituição psicanalítica na contemporaneidade"- Ana Elizabeth
- Cavalcanti, Cármen Cardoso e Paulina Schmidtbauer Rocha
Parte II - A fraternidade e a produção da culura
- "Sobre pais e irmãos - mazelas da democracia no Brasil" - Luís Cláudio Figueiredo
- "Insuficientes, um esforço a mais para sermos irmãos!" - Joel Birman
- "A fratria órfã" - Maria Rita Kehl
Já se tornou lugar comum na psicanálise contemporânea a idéia de uma certa falência da função paterna, pelo menos nas modernas sociedades ocidentais. A própria criação da psicanálise é tributária deste dito enfraquecimento do 'pai': as formações sociais características das democracias modernas, em que os modos de sustentação da Lei e da autoridade encontram-se pulverizadas numa multiplicidade de instâncias simbólicas, produzem o sujeito neurótico, que se acredita autônomo e responsável (portanto, culpado) pela construção de seu destino. Diante desta modalidade contemporânea do desamparo, e também das possibilidades de perversão do laço social que se abrem onde aparentemente falta o pai, é freqüente que se invoque a necessidade de figuras fortes de autoridade e de encarnação imaginária da Lei.
Este livro nasceu da vontade compartilhada de problematizar a função paterna no mundo contemporâneo, trazendo para a discussão teórica a função dos semelhantes- cuja primeira encarnação na vida subjetiva é o irmão- não só na constituição do sujeito como também na formação do laço social.
Este livro contém artigos que tratam da função dos irmãos nas formações sociais próprias da democracia: a legitimação da autoridade, as recriações revolucionárias e o funcionamento das instituições. Na segunda parte, os artigos abordam o papel da fratria como criadora de novas formas de linguagem, e de algumas figuras fraternas que povoam a produção cultural contemporânea, tanto internacional quanto brasileira.
Maria Rita Kehl, psicanalista, doutora em psicanálise pelo Depto.de Psicologia Clínica da PUC/SP, ensaísta, autora de : A mínima diferença (Ensaios) Imago, Rio, 1996. Deslocamentos do Feminino; Imago, Rio, 1998 e Função fraterna, Relume Dumará, Rio, 2000, além de Processos Primários (poesia) EstaçãoLiberdade, SP, 1996.