Política del Psicoanálisis |
La crisis en la Internacional de los Foros del Campo Lacaniano
Comunicado do
colegiado
do Fórum de Psicanálise de São Paulo
Redação: Christian Dunker
Fórum de Psicanálise de São Paulo & Campo Lacaniano
Alguns pontos acerca da relação entre o Fórum e o Campo Lacaniano
1. Diretoria, Ouvidoria e Espaço Escola do FPSP elaboraram uma proposta de estatutos para uma Associação. Tal proposta procura sedimentar algumas idéias e produzir um ponto de partida para uma discussão com seus membros em São Paulo, além de contribuir para as discussões que cercam a formação do Campo Lacaniano no Brasil.
2. A forma de funcionamento do Fórum em São Paulo está em desenvolvimento assim como a configuração do que será o Campo Lacaniano. Portanto estamos falando em futuros possíveis, em conjecturas que ora encontram maior consenso, ora precipitam e iluminam diferenças. É exatamente isso o que falta em associações clássicas onde o consenso é dado a priori causando a desagradável sensação de superdeterminação (e não sobredeterminação). É nessas associações que a idéia de origem ou de fundação assume primazia. Nelas é mais importante quem somos e não o que fazemos. Nelas uma idéia, essência reflexa da verdade, atemporal e transespacial é aplicada sobre a experiência de modo a descartar o que não se ajusta, que é recebido como dissonante e impuro. A alternativa imediata a este modelo implica tornar a coexistência de diferenças o motor mesmo do agenciamento. Esse foi o tema de minha fala na primeira reunião pública do Fórum em São Paulo. Isso assumiu para mim valor de princípio e traduz-se numa série de consequências compatíveis com o que escutava no Fórum em São Paulo, no Encontro dos Fóruns em São Paulo, na Rede dos Fóruns e nas discussões sobre o Campo Lacaniano, por exemplo:
uma Escola seria o efeito de um certo processo que partiria das comunidades locais de praticantes da psicanálise;
para tanto se deveria tornar possível e viável o funcionamento de tais comunidades, especialmente em São Paulo que sempre se marcou pela desagregação institucional;
para tanto deveríamos não apenas tolerar mas favorecer a convivência de psicanalistas marcados por trajetórias analíticas, associativas e formativas diferentes;
para tanto deveríamos resolver simultaneamente nossa inserção regional e nacional. O debate tem grande sobreposição de teses mas não é efetivamente o mesmo. Enquanto não se resolvessem alguns princípios elementares no plano regional não podíamos participar no debate nacional, a não ser sob forma de posições individuais e participações parcimoniosas nas comissões do Campo Lacaniano.
3. Algumas teses ganharam forma durante este tempo e se traduziram em pontos de discussão na proposta de estatutos. O produto, no entanto, foi recebido por alguns como incompatível com o Campo Lacaniano e com a idéia de Escola. Isso ocorreu de forma aguda em dois momentos: na Jornada de 13 de março e na votação da forma de certos parágrafos da Proposta de Estatutos em 5 de julho. O futuro possível representado pelo Encontro dos Fóruns programado para outubro parece ter sido antecipado. Certas teses, na verdade representantes de uma posição contributiva ao debate eram subitamente incompatíveis com o seu produto final ainda irrealizado. Isso assumiu uma forma lógica simples: "não se pode fazer parte do Campo Lacaniano se ..."
4. Surgiu assim um conjunto de condicionais que talvez valesse a pena expor para que outros locais e pessoas possam opinar, uma vez que para a maioria dos membros da Diretoria, Espaço Escola e Ouvidoria do Fórum de Psicanálise de São Paulo não havia incompatibilidade radical, ao contrário, representavam uma proposta para ampliar e aprofundar nossa participação no Campo Lacaniano, trazendo posições afirmativas para o debate. São, resumidamente os seguintes pontos os que foram recebidos como incompatíveis com o Campo Lacaniano, com a Escola proposta por Lacan e com o Discurso Analítico:
a) Valorização de diferentes percursos, analíticos, institucionais e teóricos.
(observe-se que este ponto está na própria origem e conformação do Fórum em São Paulo)
(observe-se que este ponto é uma tentativa de evitar a tendência ao fechamento doutrinal e institucional tão presente na história da psicanálise)
(observe-se que este ponto era fortemente enfatizado por aqueles que saíram da EBP cansados de seu monismo discursivo e político)
b) Para fazer parte do Campo Lacaniano não podemos nos denominar Fórum de Psicanálise de São Paulo, deveríamos mudar para Fórum do Campo Lacaniano não admitindo-se um subtítulo como "Articulado ao Campo Lacaniano" ou "Ligado ao Campo Lacaniano" como solução.
(observe-se que a expressão Fórum de Psicanálise de São Paulo é de uso corrente e compõe parte de nossa tenra história em São Paulo)
(observe-se que isso implica que a heterogeneidade de denominação não será tolerada no Campo Lacaniano)
(observe-se que a questão parece ser de índole política e não propriamente obedecer a um critério explícito ou normativo)
c) Para fazer parte do Campo Lacaniano não é possível regularmo-nos sob um regime que chamamos de confederativo, na falta de outra palavra, mas cujo objetivo é preservar a autonomia dos Fóruns locais e ao mesmo tempo facilitar o funcionamento em torno de tarefas de âmbito nacional e internacional específicas (revistas, intercâmbios, encontros, jornadas, discussões sobre a escola e o passe, etc.).
(observe-se que isso se aplica a associação local, sob cujos estatutos nos vinculamos)
(observe-se que é parte da proposta a efetivação temporária de uma associação (dois anos))
(observe-se que tal proposição não significa enclausuramento, fechamento em grupos locais, mas é basicamente uma variação do que foi proposto por C. Soler na forma de um regime federativo)
5. Gostaria de ampliar a discussão destes pontos. Eles contrariam de forma irreconciliável a lógica do Campo Lacaniano? Há uma lógica clara e destilada suficientemente para determinar como funcionará o Campo Lacaniano? Ela já precipitou um consenso para que se possam afirmar contradições sobre tais temas? De fato não poderemos participar do debate levando tais pontos como propostas de discussão?
Colegiado do Fórum de Psicanálise de São Paulo: António Gonçalves, Arlete Machado, Christian Dunker, Clara Rappaport, Domingos Infante, Lucimeire Kotsubo, Maria Teresa Lamberte, Marisa Baldi, Rodolpho Ruffino, Sara Hassan e Velia A. de Cotsifis