Sumário
Editorial
TEXTOS
- A hipótese lacaniana
Colette Soler- Da clínica extensa à alta teoria: a história da psicanálise como resistência à psicanálise
Fabio Hermann- Novos tempos, novos sintomas: novo lugar para a transferência
Myriam Uchitel- A construção do dispositivo analítico
Isabel Mainetti de Vilutis- O dispositivo psicanalítico no começo do século XXI
Maria Cristina Ocariz- A escuta e o corpo do analista
Eliana Borges Pereira Leite- Entre a alteridade e a ausência: o corpo em Freud e sua função na escuta do analista
Maria Helena Fernandes- Dois Leonardos
Camila Salles Gonçalves- O brincar na clínica com crianças: as metáforas da construção e do sepultamento
Adela Stoppel de Gueller- Uma visão winnicottiana da perversão: os caminhos da dissociação em Massud Khan
Flávio Carvalho Ferraz- Sobre regressão e novo começo: Bálint e a técnica psicanalítica
Carlos Augusto Peixoto JuniorENTREVISTA
- Os jogos de verdade da psicanálise
Joel BirmanDEBATE
- Psicanálise e políticas públicas
Isabel da Silva Khan Marin / Isabel Marazina / Maria Cristina M. Kupfer / Eduardo LosicerLEITURAS
- Viajar é preciso (Do sonho ao trauma)
Janete Frochtengarten- A teoria de Piera Aulagnier em destaque (Piera Aulagnier)
Silvia Barile Alessandri- Da mobilidade inventiva da escuta à inteligibiliudade dos conceitos (Fundamentos de uma clínica freudiana)
Silvia Leonor Alonso- As vicissitudes da memória segundo Derrida (Mal de arquivo)
Sérgio Telles- Os ecos do silêncio da Acrópole (O silêncio da Acrópole Freud e o trágico)
Denise Mourano- Da figura do pai ao pai como figura (A metáfora paterna)
Fátima Milnitzki- O que é que essas crianças têm? (Autismo)
Octavio Souza- O encanto anestésico da normalidade (Normopatia: sobreadaptação e pseudinormalidade)
Sidnei José Cazeto- Os difíceis caminhos da angústia (Fobia)
Sálua S. Salama- Wagner e Nietzsche para celebrar a vida (Ouvir Wagner)
Elisa Maria de Ulhôa Cintra- Por uma teoria da depressão generalizada (Depressão)
Decio GurfinkelAbstracts in English
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Pierre Fédida faleceu em Paris, em primeiro de novembro de 2002. Sua última vinda a São Paulo foi em 1998, ocasião em que, durante um seminário, tocou na função vital da depressão, comentando, Jai dit hier ce qui est vital: cest la conservation du vivant. Citar esta frase tem efeito de interpretação, se retomamos, de um de seus escritos, a idéia de que a interpretação dá lugar a um tempo da fala e, muitas vezes, basta uma única palavra pronunciada uma palavra já enunciada para que a fala receba nessa palavra um outro ponto de vista. A partir deste momento, deslocamos palavras desse pensador da psicanálise e da filosofia. Deslocamentos, afirmou ele, são mudanças de tempo. Neste tempo, de luto vital, evocamos a mobilidade de seu pensamento, que permanece revelando o modo de ser da atividade psicanalítica.
Para Fédida, os lugares da análise só poderiam ser pensados em relação à situação analítica, que não é materializável, e não pode ser reduzida ao lugar e ao espaço da sessão. Ressonâncias dessa verdadeira crítica da prática e da metapsicologia têm movido a escritura psicanalítica acolhida e divulgada por Percurso. Vale lembrar a colocação feita em Leituras, no número 9, pelo autor da resenha de um de seus livros: (para Fédida) o sítio do estrangeiro é o lugar do analista, já que a familiarização equivale à ameaça de aniquilamento da linguagem (...), o trabalho de análise é justamente o constante re-instaurar do sítio do estrangeiro a partir dos desequilíbrios da relação fala-escuta. Neste número, um dos artigos retoma sua abordagem do informe, referida a vivências em que não se sabe onde começa o corpo, e o quanto estas lhe pareceram apropriadas para nomear o que ocorre na situação analítica, que suspende as referências convencionais.
Entrar em contato com a obra de Pierre Fédida é fazer parte de uma certa comunidade psicanalítica, para além de qualquer filiação, na medida em que suas supervisões e reflexões escritas possibilitam um engendramento do lugar de cada analista. Propiciam voltar ao sonho, cuja insociabilidade, é constitutiva da situação analítica e fundadora do ato de escuta da fala desconhecida nascida da noite. Enfim, foi ele quem nos disse: le véritable lieu de la sépulture cest le rêve. A fala nascida do sonho é portadora do tempo do infantil e encontra na reserva silenciosa do analista, nas ressonâncias que se mobilizam na escuta e são a evidência oculta de um trabalho, o lugar de seu despertar e da sua mobilidade. Também a escrita ou a escritura, como diz Fédida dá testemunho do trabalho do analista, sendo o ato técnico pelo qual cada um procura dar forma à memória do escutado.
O tempo da psicanálise é tema da psicanálise do nosso tempo, como das páginas deste número de Percurso. Incidências do tempo sobre os destinos da psicanálise e sobre seus modelos, modos de presença do tempo e da história a ser (re)construída no brincar de uma criança com sua analista ou no clima instalado por um adulto em sua regressão, curtos-circuitos do tempo que se fazem presentes no corpo do analisando e mesmo daquele que o escuta. Questões que nos desafiam, repercutem em nossa prática e fazem novas exigências ao nosso dispositivo, suscitando debates como o que deu origem a três dos artigos aqui publicados. E que também nos levam a procurar novas direções em autores que conhecemos pouco, cuja clínica os lançou, em certa medida, à frente de seu próprio tempo.
Reencontramos, neste cenário, a mobilidade de pensamento tão cara a Fédida, expressa em palavras que ele nos deixa como legado: Sou mais da opinião de que, uma vez que nos encontramos em meio a fortes mutações da sociedade, somos levados a mudar nossos sistemas de representação, a fazer evoluir nossa sensibilidade. Isso não é uma limitação à psicanálise. Isso conduz todas as coisas a mais uma evolução dos nossos costumes. Eu digo: sejamos ainda mais e melhores psicanalistas.
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