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Revista Percurso
N° 25

Sábado, dia 02 de junho 2001, às 09:30 hs
Instituto Sedes Sapientiae, Rua Ministro Godoy, 1484
São Paulo SP, tel: (11) 3873-2314
Entrada Franca

TEXTOS

ENTREVISTA

DEBATE

Narrar a clínica

LEITURAS

EDITORIAL 25

A escrita sempre ocupou lugar de destaque na Psicanálise. Freud, exímio escritor, que parecia pensar por escrito, produziu obra abrangente, tanto em relação aos assuntos tratados quanto ao estilo utilizado. Foram muitos os temas que lhe chamaram a atenção, além da clínica. Vale lembrar seus textos sobre a cultura e a literatura, ainda tão instigantes. E o que dizer, então, de seus historiais clínicos que, ganhando a forma de cada problema que aborda, parecem criar personagens encarnados?

Isto nos coloca algumas questões. e entre elas ressaltamos a narrativa clínica. A escrita clínica, a menina dos olhos da Psicanálise, nos traz sempre desafios. Equilibrista da transferência, o analista precisa encontrar, a cada passo, o ponto exato entre Logos e Paixão. É preciso manter o fio da escritura sob tensão precisa: nem frouxo nem demasiado tenso, para que os caminhos pulsionais percorridos na transferência e as linhas de desejo se insinuem.

Assim, nada mais oportuno hoje, por ocasião do 25° número de nossa revista, comemorar a data colocando em questão a escrita da clínica. Para tanto, convidamos três psicanalistas a nos dar seu depoimento. Para Rúbia Delorenzo a escrita psicanalítica nos coloca nos limites de uma travessia de risco que nos impulsiona a transgredir. Reconhece ser esta a dimensão ética do escrito clínico: deixar-se inquietar e arrastar pelo desejo de saber. Já Oscar Cesarotto nos ensina que transcrever e comunicar uma análise acaba sendo uma criação literal em que o relator-escriba cria um roteiro fictício porém verídico. E Renato Mezan assinala um equívoco muitas vezes presente no trabalho clínico: o de supor que o paciente de quem falamos no escrito é o mesmo a quem nos dirigimos em nossas intervenções, como se o primeiro não fosse um produto misto. Misto do paciente real e de nós mesmos.

Procuramos, também, abarcar diferentes áreas acessíveis ao pensamento psicanalítico: assim, questões do cotidiano violento, da literatura, da cultura, do fenômeno estético, e, naturalmente da clínica foram tematizados por nossos articulistas. E na seção Entrevistas, contamos com importante contribuição do psicanalista urugüaio, Marcelo Viñar.

Por último, mas com a mesma importância, chamamos a atenção do leitor para a seção de resenhas, que a cada número, vem ganhando espaço em nossa revista, tal a quantidade e variedade de títulos que nos têm sido sugeridos. Tais resenhas, verdadeiro trabalho de reescritura, muito mais que divulgar produções psicanalíticas, têm servido como importante pretexto para o exercício crítico sobre a escrita da Psicanálise.

Resta o nosso convite à leitura.

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