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2001 - A ODISSÉIA LACANIANA
Colóquio Internacional: Lacan no século

HAL
O Jornal de 2001
SEGUNDA EDIÇÃO

A Odisséia Lacaniana
Colóquio Internacional: Lacan  no Século  

11,12,13 e 14 de abril de 2001

sob a égide de:
Internacional dos Fóruns do Campo Lacaniano
Associação Fóruns do Campo Lacaniano

Organização:
Formações Clínicas do Campo Lacaniano

 

EDITORIAL

A PSICANÁLISE E AS NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA

Quais são as novas formas de família cuja constituição esse final de século e de milênio pôde acompanhar, com maior ou menor perplexidade? Elas são muito variadas, pois vão desde a família reduzida à mãe e um ou mais filhos, aquela com muitos filhos porém de diferentes casamentos, algumas vezes sem nenhum filho do novo casal, até as famílias de casais homossexuais, com ou sem filhos de uma relação heterossexual anterior de um dos dois. Isso sem falarmos no mais recente debate sobre o direito de adoção dos homossexuais, desejosos de um filho. E ainda de um certo retorno, em que questões financeiras estão sempre presentes, às famílias compostas por pelo menos três gerações morando sob o mesmo teto. Evidentemente, estamos falando aqui da nova classe média.

Ora, se Freud arriscou-se a fazer algumas previsões acerca do futuro da psicanálise e da religião, não parece ter se pronunciado sobre este ponto específico: as formas de família que estariam por advir. Lacan no entanto o fez, e em diferentes ocasiões. Seguindo inicialmente no rastro deixado por Freud, ele esclareceu que pai e mãe são antes de mais nada duas funções simbólicas, o que equivale a dizer que não se restringem à presença física de alguém, mas a algo que se transmite inconscientemente de uma a outra geração. Esclarecendo o desencadeamento de um delírio psicótico, por exemplo, ele enfatizou a importância dada pela mãe à palavra do pai, em seu discurso. Nessa mesma ocasião, ele indagou por que os psicanalistas pareceriam não querer entender que a referência freudiana ao pai morto era a sinalização da função metafórica do Nome-do-Pai, cuja ausência estaria na origem da estrutura psicótica de um sujeito. Teriam os psicanalistas que aguardar até que a prática da inseminação artificial se tornasse quotidiana, para entender que o pai morto ou idealizado de que falam os histéricos, esse grande genitor ou velho combatente, não é outro que a função simbólica de um pai?

Em 1972, Lacan comentava num de seus seminários o desaparecimento do velho pater família, vale dizer, daquele cujo desejo era lei. Ao mesmo tempo dizia que a psicanálise já tinha dados suficientes para afirmar que uma mãe sozinha pode transmitir a lei do nome, embora se trate de uma transmissão mais dura. Alguns anos depois, ele retornaria ao tema do direito que tem ou não um pai de receber dos filhos o amor e o respeito. É preciso que ele não confunda em demasia a mãe e a mulher, para que faça desta última, e não da primeira,  aquilo que o põe a desejar. É portanto na relação pai-mulher, e não na relação pai-mãe, como se pôde pensar durante muito tempo, que residem tanto a autoridade paterna, quanto o amor e o respeito filiais.

 O psicanalista, que não se furta aos problemas de seu tempo, tem muito a dizer sobre os avatares das novas formas de família, em cuja constituição seu discurso foi determinante. "Não se fazem mais histéricas como antigamente", repete-se há algum tempo, porém tampouco se fazem famílias como antigamente. Se Lacan apostou na sobrevivência da família conjugal, para o advento de um desejo que não fosse anônimo, resta-nos indagar as novas formas destes casamentos, ou seja, os novos casais, a nova maternidade e a nova paternidade. Que dizer de uma criança que chama de "pai" a parceira de sua mãe ou daquela que chama de "mãe" o parceiro de seu pai?  A clínica psicanalítica arriscará certamente algumas respostas. Ela dialogará com os novos discursos médico e jurídico.

Vera Pollo

 PRÉ PROGRAMA
 Já temos um pré-programa (ainda sujeito a modificações) da Odisséia Lacaniana:

Teremos em Sessão Plenária quatro Simpósios sobre Psicanálise e Sociedade  duas mesas redondas sobre Lacan no século e Análise com fim e sem fim.  E  em sala simultâneos temas livres distribuídos nos três eixos assinalados por Lacan em 1964 na ata de fundação de sua Escola.

11/4 - 4ª FEIRA
Entrega de credenciais: a partir das 14:00h.
18:00h.  Plenária de Abertura: "Lacan no século"
20:00h.  Coquetel

12/4 - 5ª FEIRA
 08:30h. Temas livres sobre psicanálise aplicada
10:30h. intervalo 11:00h. Simpósio Psicanálise e Sociedade
 Tema: "Psicanálise e Neurociência"
 13:00h. Almoço
 15:00h. Temas livres
 17:00h. Intervalo
 17:30h. Simpósio Psicanálise e Sociedade
 Tema: "Drogas: clínica, política e ética"

13/4 - 6ª FEIRA
 08:30h. Temas livres sobre recenseamento do campo freudiano
 10:30h. intervalo
 11:00h. Simpósio Psicanálise e Sociedade Tema: Psicanálise: uma profissão? Regulamentável? 13:00h. Almoço
 15:00h. Temas livres
 17:00h. Intervalo
 17:30h. Simpósio Psicanálise e Sociedade
 "Tema: "Novas formas da sexualidade e da família"

14/4 - SÁBADO
 08:30h. Temas livres sobre psicanálise pura
 10:30h. intervalo
 11:00h. Plenária de Encerramento:
 "Análise: com fim ou sem fim?"
 13:00h. Encerramento

O prazo de entrega de propostas de trabalho está encerrado. Foram recebidos mais de noventa propostas que serão selecionadas pela Comissão Científica até o final de fevereiro


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ou qualquer outro tipo de informação, escreva a
brasil@psicomundo.com

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