Marta Rezende Cardoso (org.)
Editora Escuta a presetan o livro Límites, de Marta Rezende Cardoso (org.)
A temática dos limites, dimensão estreitamento vinculada à alteridade, e fundamental na subjetividade humana, possui grande interesse para a psicopatologia e para a psicanálise.
Quando se trata dos limites, aborda-se, necessariamente, a questão do espaço e de como ele é ocupado por objetos. Além disso, enfrenta-se, necessariamente, as diversas maneiras como o sujeito se relaciona com os objetos.
Os limites propõem a existência da fronteira ou, como gostam certos psicanalistas, da problemática borderline. Habitar a fronteira é uma complexa questão tanto para o sujeito como para o outro. Ultrapassar fronteiras pode implicar passagens autorizadas e legítimas, com a anuência do outro, ou pode ocorrer de forma invasora, em que o outro sente-se violentado em seu próprio espaço. De qualquer forma, a existência fronteiriça refere-se a uma área de proximidade em relação a um outro território, que é vivido como sendo pertencente a um outro.
A questão dos limites e das fronteiras é extremamente complexa e pode, num certo momento, ser considerada de um ponto de vista cultural. Assim, culturas diferentes supõem distâncias diferentes e espaços diferentes.
Na Índia, os pária são a casta dos intocáveis. Eles são, em tudo, semelhantes aos demais. Porém, não podem ser tocados, a não ser que se pretenda realizar um ato de violência. Esse limite é particularmente importante tendo em vista a natureza altamente complexa da ocupação do espaço.
Na Índia, animais sagrados e humanos e seus artefatos se acotovelam em grande liberdade e delicadeza. Todos se tocam sem qualquer cerimônia, de forma extremamente cuidadosa e sem conflitos. Mas quando se trata dos pária tocar é proibido.
Nos Estados Unidos da América do Norte, quando duas pessoas são apresentadas, elas se dão as mãos. Ocorre, entretanto, que esse gesto nunca mais se repete. Um novo encontro entre pessoas já apresentadas ocorre sem se tocarem e se alguém estende a mão para alguém para quem já foi apresentado, esse é imediatamente visto como estrangeiro e desconhecedor de uma regra básica da sociabilidade.
No Japão, as pessoas não se tocam, a não ser quando aglomeradas. A apresentação se faz com uma curvatura do dorso e o mais humilde deve inclinar-se mais.
No Brasil, as pessoas se abraçam e beijam com grande intimidade. Além disso, os brasileiros adoram se esfregar e agarrar em diversas situações públicas, como no carnaval e durante os jogos de futebol. Entretanto, há diversos códigos que estabelecem distâncias variadas entre as pessoas e quando esses limites são violados, as pessoas reagem até com violência.
Nota-se, assim, que os limites são definidos por riscos e quem habita a fronteira corre risco. Violência, estranhamento, ameaça, drogadicção etc. são maneiras de nos referirmos aos limites, às invasões e à falta de limites.
Esta coletânea trata, de maneira integrada, aspectos metapsicológicos, psicopatológicos e clínicos dessa questão e abre numerosas perspectivas para novas investigações e produção de pensamento sendo, por isso, muito estimulante e interessante.
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