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Lançamento de livros

CORPO FREUDIANO DO RIO DE JANEIRO
E s c o l a d e P s i c a n á l i s e

Uma Ficção Psicanalítica
Gláucia Dunley

27 de maio, segunda-feira, 21.00h

Tomando para análise a experiência de Freud por ele mesmo relatada no texto de 1936 "Uma perturbação da memória na Acrópole" Gláucia Dunley investiga com ousadia, rigor e profundidade as conseqüências da estranheza sentida pelo mestre na época de sua visita à Acrópode em 1904. Seus efeitos são avaliados tanto em diversos aspectos de sua vida como de sua construção teórico-clínica.

Os desdobramentos deste chamado Acontecimento são dimensionados a partir de uma contextualização histórico-social, produzindo tanto uma interpretação da cultura que visa situar o surgimento da psicanálise, quanto uma análise da metapsicologia freudiana.

A autora interpreta este Acontecimento como marco responsável pela reconfiguração do conceito freudiano de pulsão. Esse conceito, tal como desenvolvido a partir de 1905, vem expressar a intensidade do pathos freudiano em sua impossível apreensão no campo da representação, sobretudo quando culmina em 1920 com a formulação da pulsão de morte. A partir da interpretação do trágico em Hölderlin, a pulsão é apresentada como uma potência trágica no seio da teoria freudiana. Para sustentar tal interpretação Gláucia vale-se de um rastreamento teórico minucioso e pleno de vigor.

Quanto à intervenção deste denominado Acontecimento na vida de Freud, a autora aborda a estranheza por ele sentida como sua confrontação com a dimensão da divisão e do desamparo humanos, abordados como sinais da ultrapassagem empreendida por ele frente a seu pai, causando-lhe por decorrência um luto, o luto do complexo paterno.

No que diz respeito a uma contextualização histórico-social do surgimento da psicanálise, Gláucia analisa sua emergência na passagem do século quando apelava-se à retomada de valores próprios à Antigüidade grega. Ela propõem ainda que Freud teria encontrado na Acrópole Grega sua verdadeira religião. A referência ao interdito situa-se como articulada aos desejos de incesto e parricídio, não pactuando com as leis das Escrituras, mas sim com a Mitologia Grega e o Teatro Trágico.

A relação entre o trágico e a psicanálise embora presente desde a estruturação dos fundamentos desta última através das recorrências de Freud à Tragédia na elaboração de sua teoria, foi pouco explorada pelos estudiosos. As referências à Tragédia limitaram-se na maior parte das vezes a figurarem como ilustrações de achados teóricos sem que se avaliassem a similaridade estrutural entre esses dois campos. A problematização da relação do homem à felicidade, abordando as forças paradoxais que o movem e a conseqüente reflexão ética que daí decorre foi investigada neste livro perpassando as importantes contribuições de autores como Lacan e Deleuze. De toda forma cabe a psicanálise alargar ainda em muito o entendimento de sua proposição ética dado que é nela que encontramos os fundamentos tanto de sua construção teórico-clínica quanto de sua intervenção na cultura. O tema da Tragédia é exemplar nessa empreitada.

Todo o texto é tecido com meticulosidade afim de explorar a relação trágica entre desejo humano e lei divina, onde a obra freudiana é tomada como resposta sublimada do desejo incestuoso e parricida de Freud. Os recursos do saber mitológico e trágico implementam a força de argumentação do texto, de modo que mesmo aqueles que discordarem das formulações propostas pelo autor, não podem deixar de conferir-lhe valor.

Um trabalho que poderia cair na banalidade das divagações imaginárias e inócuas acerca da vida do mestre, apresenta aqui uma elaboração respeitosa e fecunda para transmitir pontos fundamentais na compreensão da teoria freudiana, o que a autora consegue fazer valendo-se de uma linguagem clara, mesmo quando expressa raciocínios complexos e conceitos de difícil apreensão. Vale conferir!

OS ECOS DO "SILÊNCIO DA ACRÓPOLE"

Em seguida à Conferência, haverá uma noite de autógrafos do livro de Gláucia Dunley.

Glaucia Dunley é psicanalista, professora-assistente da Universidade Veiga de Almeida, mestre em Teoria Psicanalítica/UFRJ, doutoranda em Comunicação e Cultura/UFRJ, autora de O silêncio da Acrópole: Freud e o Trágico - Uma ficção psicanalítica (Rio de Janeiro, Fiocruz/Forense Universitária, 2001)

CORPO FREUDIANO DO RIO DE JANEIRO

Rua Nascimento Silva, 330/3º andar . Ipanema

Telefone: (21) 2521-6032

e-mail: riodejaneiro@corpofreudiano.com.br

Site: www.corpofreudiano.com.br


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