Beleza, Feiúra e psicanálise
Chaim Samuel
Katz, Daniel Kupermann, Viviane Mosé
[ORGANIZADORES]
Formação Freudiana e Contra Capa Livraria têm o prazer de convidar para o lançamento do livro Beleza, Feiúra e psicanálise, Chaim Samuel Katz, Daniel Kupermann, Viviane Mosé [ORGANIZADORES] Charles Feitosa, Eduardo Leal Cunha, Eduardo Ponte Brandão, Glaucia Dunley, Ines Loureiro, Luiz Felipe Nogueira de Faria, Leila Cunha da Silveira, Marta Peres, Nízia Villaça, Patrícia Saceanu, Waleska Borges Cheibub
dia 1º de setembro, quarta-feira, a partir das 20 h, na Contra Capa Leblon - Rua Dias Ferreira, 214 Leblon Tel. (021) 2511-4082 | 2511-4764 (Estacionamento rotativo ao lado da livraria)
SUMÁRIO do LIVRO
Apresentação - Daniel Kupermann
Nota Introdutória - Chaim Samuel KatzParte 1 - Considerações quase inatuais
- Belo e Feio, Feio e Belo: outras indicações - Chaim Samuel Katz
- Alteridade na Estética: reflexões sobre a feiúra - Charles Feitosa
- A fascinação da feiúra - Daniel Kupermann
- A produção da feiúra na clínica psicanalítica: anotações sobre a patologização da vida cotidiana - Luiz Felipe Nogueira de Faria
Parte 2 - Narcisismo e ideais na contemporaneidade
- Para sempre diante do seu olhar: sobre os sentidos da modificação corporal - Eduardo Leal Cunha
- Sexo e beleza na contemporaneidade - Eduardo Ponte Brandão
- Culto ao corpo na contemporaneidade: prazer ou dever? - Marta Peres
- Corpos tecnológicos - Nízia Villaça
Parte 3 - Estética e sublimação
- Uma ficção psicanalítica - Glaucia Dunley
- Sobre as várias noções de estética em Freud - Ines Loureiro
- O fenômeno do belo e a sublimação - Leila Cunha da Silveira
Parte 4 - Literatura e psicanálise
- A mais íntima estranheza - Patrícia Saceanu
- A literatura e o vazio - Viviane Mosé
- O Unheimliche freudiano: interfaces entre psicanálise e literatura - Waleska Borges Cheibub
Tradicionalmente, a beleza associada às obras de arte pretendeu simular a essência e a permanência das coisas do mundo. harmonizar o belo às realizações artísticas serviu ao propósito de atestar a viabilidade da perfeição humana, algo, é claro, continuamente reconsiderado pela história dos homens. Hoje, contudo, em um contexto no qual a beleza se tornou um imperativo irredutível a assombrar os mais singelos gestos cotidianos, de que instrumentos se pode dispor para expressar as dimensões da existência marcadas pelo estranho, pelo grotesco e pela feiúra? O que se deve buscar a fim de reconsiderar a obrigatoriedade do belo nos mais variados campos da experiência humana?
A busca de encaminhamentos para essas questões tão decisivas na atualidade é o motivo que anima os ensaios que compõem beleza, feiúra e psicanálise. Ao reunir psicanalistas, filósofos e pesquisadores das chamadas ciências humanas e sociais, procurou-se desenvolver o que se entende hoje por beleza e por feiúra, bem como questões relativas à crueldade dos ideais e sua incidência sobre as subjetividades, aos sentidos atribuídos à corporeidade, à criação literária e à sublimação, um quase conceito que, em psicanálise, refere-se à criatividade em suas mais variadas acepções.
Propõe-se, assim, a provocação de e para reflexões éticas, estéticas e políticas acerca não só das condições de resistência à tirania da beleza em nossa cultura, como também da expressão criativa das subjetividades em nosso tempo.
NOTA INTRODUTÓRIA
Com Platão, inaugura-se o pensamento acerca do que é o Belo. Para ele, a beleza é algo incondicional, uma Idéia não sensível, que se aplica a todos os seres, enquanto o sofista Hípias diz que "o belo é uma bela mulher" ou "o belo é o que é útil ou conveniente". Belo é o nome que se dá ao conjunto das coisas e ações belas. Platão diz que a Beleza nem sempre é visível aos olhos, pois só é verdadeiramente acessível pelo Nous, pelo Espírito, e pelas operações do pensar.
Se Platão pensou o Belo como uma categoria inata e universal, foi porque temeu o excesso de prazer que os corpos jovens podem provocar nos corpos adultos. Depois dele, também o pensamento ocidental, com suas devidas exceções, se viu levado a cercear o excesso de prazer provocado erogenicamente. Os adultos, dotados da Razão, devem ter autodomínio, para não serem levados pela infinitude do prazer. Assim, como aprendemos em O banquete, só é merecido o amor que venha do sujeito amado para o amante. Aquele que ama, o verdadeiro amante, deve limitar idealmente seu amor, para não perder seu espírito na beleza do amado. Como ensinou Foucault, os investimentos prazerosos, a Afrodísia, devem ser contidos (sublimados?!) para que o amor ideal, que é análogo à Verdade, apareça.
Contudo, mesmo quando Platão formula a idéia de Belo, esta dependerá também da noção de Feio (Parmênides 130-131), que aparece como questão do pensamento na Modernidade (com Montaigne e Erasmo), na separação entre razão e desrazão.
Como se situa a Psicanálise diante de tantas questões, tendo em vista que nos interessamos também pelas diferenças entre Belo e Sublime? Para Kant, o Belo é o que dá satisfação ao espírito, uma experiência harmoniosa e equilibrada, mas sem conceito. O Belo não teria uma representação possível, mas é completo e finito, enquanto o Sublime diria respeito às potências infinitas, implicando a imaginação de magnitudes inalcançáveis apenas pelo Entendimento. Assim, o Sublime é o desejo ilimitado da expansão humana, o da potência infinitamente criativa do Imaginário, o que sempre se torna incompleto e infinito, expansivo.
Para os psicanalistas, os dois pontos de partida devem ser a teoria das pulsões e a produção do desejo. Freud ensinou a principalidade das pulsões táteis e escópicas no Belo. Desde a teoria do recalque, ele mostra que os humanos não acham belos seus órgãos sexuais, pois a excitação sexual se opõe à finitude e à delimitação da beleza. Por outro lado, sendo a Psicanálise a teoria sobre a sexualidade e o prazer, Freud se viu obrigado a refletir sobre o Belo determinado pelas "qualidades do sentir", ocupando-se, assim, não apenas com o agradável e prazeroso, mas com o desagradável e aflitivo. Desde o chamado da clínica, Freud se viu levado, como nenhum outro pensador, a confrontar-se com o medo, com a repulsa e com o horror.
Na produção contemporânea de desejo, estabeleceu-se uma norma de sucesso que inclui o Belo em seu aspecto morfológico imediato. As sociedades avançadas, de ponta, querem evitar dores e desprazer, bem como o desagradável e o repulsivo. Assim, dá-se o enquadramento patológico do feio, considerado não apenas inútil, como nocivo. Nessa nova cartografia, na qual o corpo aparece cada vez mais débil e instável, situa-se o Belo ao lado do prazeroso, e o Feio é colocado como o indesejável e eliminável. Daí os esforços e métodos para modificar os aspectos feios dos corpos e da aparência, não apenas pelas ginásticas e posturas, pela roupa e pelo cheiro, pela aparência, mas também pela correção plástica imediata.
Aos psicanalistas cabe cotejar nossa teoria com as modalidades constituintes do desejo contemporâneo.
Desde dois pontos de partida que aprendemos com Freud a teoria das pulsões e a produção do desejo , há que se pensar o que são para nós o Belo, o Feio, o Sublime, mas também o Grotesco e, especialmente, o Horror. Nós psicanalistas os escrevemos com maiúsculas para destacá-los enquanto questões, e não para inscrevê-los como essências. Nestes tempos pós-modernos, em que se experimenta cortar e eliminar imediatamente o que não é aprazível para as normas vigentes, temos de nos situar também diante do que é instável e desprazeroso, repulsivo e inútil.
Ao lado da claridade do prazer e do Belo das aparências, rodeiam-nos, incessantemente, as sombras que constituem o mal-estar dos humanos.
A essa tarefa desagradável, pois...
Chaim Samuel Katz
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