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Boletines

NoNada

Boletim do Fórum do Campo Lacaniano - BH

Fevereiro/2001

Editorial

[Nonada é a primeira palavra que Guimarães Rosa escreve em "Grande Sertão: Veredas". Significante não-senso, nos remete, em sua literalidade, a um dos nomes do objeto a.*]

Estamos, neste início de ano de trabalho, colocando na rede a versão virtual do nosso boletim "NoNada". A nossa intenção é colocá-lo em pequenas edições temáticas para que fique mais agradável a leitura e os colegas possam realmente se dar ao trabalho de acompanhar o que vem sendo desenvolvido no FCL-BH. Esta edição é toda dedicada aos Cartéis, mais precisamente à reunião do mês de setembro de 2000.

O trabalho em cartel tem tido, felizmente, grande repercussão no nosso Fórum, com muitas pessoas engajadas no trabalho em cartel e prestigiando as reuniões mensais, onde sempre convidamos um ou mais colegas para sustentar a discussão a respeito de algum ponto teórico sobre o dispositivo.

Mesmo sabendo da importância do cartel na Escola para Lacan, é surpreendente o quanto podemos (e é preciso) explorar este dispositivo na experiência. Isto não só em relação ao trabalho em si dos cartéis, mas à própria teoria que envolve este novo grupo.

Nesta edição estamos trazendo uma discussão sobre "a função do mais-um", essa figura tão difícil de definir, mas importantíssima, tanto para o funcionamento do cartel, como para fazer o laço entre este e a instituição.

O cartel é um grupo estranho à maioria dos agrupamentos, assim como o é o discurso analítico diante dos outros. Entrando na prática dos cartéis, é possível conceber por quê Lacan o nomeia órgão de base da Escola. Talvez, para a psicanálise, seja mesmo o único "grupo" que pode servir como base de operação para o mal estar na civilização .

Esta edição de NoNada é um convite à experiência e à descoberta de cada um.

Bárbara Guatimosim e Zilda Machado

* Lacan, J. Escritos pg 832, JZE, 1998.

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SECRETARIA DE CARTÉIS

DEBATE

"A FUNÇÃO DO MAIS-UM"

No dia 14/09/00 recebemos, para a nossa reunião mensal da Secretaria de Cartéis do Fórum do Campo Lacaniano de BH, a preciosa contribuição das colegas Ângela Mucida e Nazareth Plentz que nos falaram sobre "A função do mais-um". A reunião teve a coordenação de Clarice Gatto, integrante da Equipe de Cartéis da AFCL, a quem agradeço sobremaneira por aceitar o nosso convite para vir a Belo Horizonte e por ter enriquecido tanto o nosso debate. Abaixo relacionaremos os textos apresentados, bem como os principais pontos da rica discussão que contou com a participação dos colegas: Analuiza Teles Oliveira, Antônio Mello, Bárbara Guatimosim, Ângela Diniz Costa, Mara Hélida Faria, Delma Gonçalves, Kátia Botelho, Clícia Magalhães, Fernando Grossi, Helena Galvão Albino, Irani Kaiser de Souza, Madalena Kfuri, Alexandre Simões, Arlindo Pimenta, Márcia Montezuma, Graciela Bessa, Rosângela Corgozinho, Rosana Baccarini e Edméia Toledo.

 

SOBRE CARTEL: um comentário

Maria Nazareth Plentz

Algo escapa ao funcionamento proposto para o cartel, manca, o mais das vezes fica um desgosto, perdem-se as produções quando elas ocorrem, há um não sei quê  que insiste, que não se diz e que repete. Sabe-se disso, experimenta-se isso! Teremos incorporado um saber  sobre cartel, compreendido demais? Se assim for é necessário desconstruí-lo, esvaziá-lo de sua consistência imaginária, questioná-lo, se se quer sacudir uma poderosa rotina instalada que acabou por banalizar e degradar por seu uso e em sua finalidade o que Lacan inventou e escolheu como um dos pilares de sua Escola: o Cartel. O que, convém notar, não é pouca coisa!

Para esta reflexão nada mais atual que o escrito de Lacan: Situação da psicanálise e formação do analista em 1956 e a Ata de fundação da Escola Freudiana de Paris, em 1964. A transcrição das discussões acontecidas na Jornada sobre carteis, em abril de 1975, estando presente a elas Jacques Lacan, também é tomada para comentário. Assinalo: Jornadas sobre carteis e não Jornadas de carteis.

Um período que abrange quase 20 anos. Uma pergunta se coloca de imediato: porque teria Lacan rompido com uma modalidade de trabalho, até então vigente, que certamente traz resultados práticos que é o grupo de trabalho? O que tinha em mente, o que desejava ao propor o que nomeou Cartel?

Em seu texto de 1956, Lacan critica duramente a forma como se constituem e como operam as Sociedades Psicanalíticas. Interpela com veemência a figura do didata e denuncia o uso que se faz dessa posição e o que se ganha dela, reitera a fala freudiana que diz que o pai verdadeiro é o pai simbólico, o pai morto, e coloca a sociedade dos psicanalistas como sustentada pela via imaginária da identificação. Protesta alertando para a conseqüência desse funcionamento, na contramão da via freudiana.

Mais tarde, em 1964, quando inventa uma nova maneira de reunir analistas e garantir a psicanálise, funda o que nomeia Escola. Na própria ata de fundação estabelece a diretriz para o trabalho que a suporta: o Cartel. Assim, essa proposta para se fazer transmissão, forma tão peculiar de funcionamento, vem à luz no mesmo momento que a Escola, lhe é contemporânea. O passe seria formalizado posteriormente.

Aqueles que vierem a esta Escola se comprometerão a realizar uma tarefa submetida a um controle interno e externo. Será a eles assegurado, em contrapartida, que nada se poupará para que tudo que façam de valioso tenha a repercussão que merecer no lugar que lhe convenha. Para a execução deste trabalho adotaremos o principio de uma elaboração baseada num pequeno grupo: cada um deles [ ] será composto por três pessoas no mínimo e por cinco no máximo - quatro é a medida certa. Mais uma, encarregada da seleção, da discussão e do destino reservado ao trabalho de cada um. Após um certo tempo de funcionamento, se proporá aos elementos de um grupo sua permutação para outro.  ( Ata da fundação da EFP -1964).

É importante assinalar que toda a preocupação de Lacan para o funcionamento dos dispositivos que marcam seu retorno a Freud, tem uma mesma visada, uma única confluência: o objeto a, ainda não formalizado, mas já presente. Assim se situa a Escola, o cartel, o passe. E como que dando contorno a tudo isto, sua teorização sobre o feminino.

Quando escreve para que tudo que façam de valioso tenha a repercussão que merecer no lugar que lhe convenha , dá em sua Escola uma importância, destaca o produto próprio, singular de cada um, a ele confere um valor que não está capitalizado pelo mercado dos bens. Assegura pelo dispositivo que engendra que cada um tenha aí o seu lugar, o reconhecimento de sua contribuição. É proposta uma relação onde quem dá, recebe; ninguém que aí se disponha a estar, fica em desvantagem em relação a outro. Deslocamento do magister , queda da estrutura hierárquica estabelecida, permutação de lugares, logo: função. Uma passagem que também chama nossa atenção enfatiza que o trabalho de elaboração se fará num grupo pequeno . Não propõe que se faça em seminários, conferências e afins. Evidência de um cuidado em afastar a instalação dos notáveis, das sapiências, dos didatas. Queda dos docentes . Empenho em criar um dispositivo tal que, se posto em curso, impossibilitaria o que se tornou seu combate: o caciquismo, que sabia, levaria a Escola a fracassar no seu cerne, atingiria de forma mortal sua ética. Bem.... acabou por dissolver a Escola Freudiana de Paris em 1980.

No entanto, o texto permanece, escritura de um desejo que insiste: uma Escola que se assenta em dois pilares: o cartel e o passe.

Por que abordagem podemos tomar esta modalidade de trabalhar, de importância fundante, operada por uma figura paradoxal que Lacan nomeou Mais-um? Qual o avanço aí contido, qual o novo aí presente?

Estamos na questão que aborda o líder e seu papel no laço social e na fundamentação da lógica que norteia o cartel.

Não se pode supor um agrupamento, qualquer que seja ele, que prescinda de um que coloque em movimento sua engrenagem. Qual é então a diferença proposta para um cartel, que marque aí uma invenção, uma novidade?

O grupo se inscreve numa estrutura edípica, do lado masculino da sexuação. Há presente e encarnado um que sabe , detentor do falo, que dá garantia deste saber e que por isso ensina. O que assinala também que não se pode colocar num mesmo balaio , não para a psicanálise, ensinar e transmitir. Não são da mesma ordem, são radicalmente diferentes!

No grupo o operador é um líder sustentado pela via imaginária, fundada na identificação; como conseqüência o ódio, e sua decorrência: a culpa e o remorso. Podemos acrescentar que o líder assim constituído dirige os sujeitos, assujeita-os. Opera sobre o real pelo imaginário. O trabalho aí produzido não é o singular, efeito de sujeito, mas traz a marca da conformidade, do estabelecido pelo sistema, a serviço de alguém.

O cartel inscreve-se no além do Édipo, ou no para além do pai. O mais-um é de outro estatuto, presentifica o real e aí opera pelo simbólico. Se empresta para exercer uma função, sua consistência é lógica. No cartel há transmissão, portanto não é lugar de aprendizagem.

O cartel inscreve-se do lado feminino: não existe um que esteja fora da castração. Assim podemos ler o que Lacan escreve: ninguém estará em desvantagem em relação a outro . Portanto o cartel não se funda na identificação, o que faz com que os que aí estão se contem um a um , o que se articula com a nomeação mais-um ; ele dirige, opera sobre o funcionamento do dispositivo, não dirige os sujeitos. O que traria como possibilidade o que Lacan teoriza como novo amor, uma amenização, porque melhor suportada, do que se chama narcisismo das pequenas diferenças. Em lugar da culpa e do remorso a responsabilidade de cada um pelo seu ato.

Toda esta lógica proposta com objetivos tão demarcados leva em decorrência a uma interrogação, ou pelo menos nos coloca frente a algo enigmático. Embora Lacan tenha sugerido que o mais um  pode ser qualquer um, um paradoxo se apresenta: o mais um  pode ser qualquer um? Há uma sutileza na montagem do cartel que fascina e como tudo que fascina, assusta. Será por isso que se tem a impressão que formar cartel ficou tão simples, tão banal? Será que estamos diante de um sintoma dos mais resistentes na comunidade Lacaniana? Que por um desvio é mais confortável fazer grupo?

Lendo a transcrição das discussões acontecidas em 1975, nas jornadas sobre carteis da EFP, surpreendi-me com a atualidade destas perguntas e a inquietação com relação ao cartel. É curioso escutar  Lacan ali dizer que apesar da quantidade de cartéis assim nomeados, são muito poucos os que podem assim se chamar. Pois não basta quatro mais um para autorizar-se a nomear um cartel. É preciso muito mais!

Concluindo: muito se tem elaborado sobre o cartel, há muito que extrair do texto lacaniano. Repensar, reformular, sacudir o que tende ao automaton. Perguntar se se pode chamar de cartel o que nomeamos como tal e se a função do mais-um, como muitas vezes é exercida, demandada e entendida, cumpre o que Lacan inventou ou se seu desvio compromete o trabalho e a lógica de seu funcionamento, fere sua ética.

É saudável desestabilizar e mesmo é a única possibilidade! Fazer novas balizas, tentar acertar o rumo. Tal como a Escola e o passe, o cartel nos questiona e felizmente, nos acossa.

 

A FUNÇÃO DO MAIS-UM

Algumas reflexões a respeito do funcionamento do cartel

Ângela Mucida

Gostaria de retomar alguns pontos de  Psicologia das massas e análise do Eu  concernentes à questão do conceito de grupo e líder para, em seguida, pensarmos a questão do cartel e a função do Mais-um, já que o cartel advém de modificações precisas concernentes ao funcionamento dos grupos. Digamos, é uma outra estrutura de funcionamento de grupo que Lacan põe em cena..

Um dos pontos que assinalo do referido texto, é a noção de diferença: não há como agrupar os sujeitos em grupos, pretendendo fazê-los homogêneos, pois a diferença aí se coloca. Então, a questão colocada por ele é como instituir grupos homogêneos com sujeitos marcados pela diferença. Assim, podemos pensar, a partir disso, que um agrupamento de analistas não faz dos mesmos um grupo. É necessário trabalhar o cruzamento das diferenças, como elas dividem ou não o grupo. Freud abordará isto em torno da identificações e dos laços libidinais.

Analisando os grupos artificiais igreja e exército ele afirmará que existe uma força externa para impedir a desagregação dos mesmos. Tal força situa-se, exatamente, na ilusão do amor, encarnada no líder ou na causa. Apesar disto o amor não iguala os membros, podendo, ainda, ser um laço opressor. Se os laços libidinais são o que caracterizam os grupos, isto não implica que não haja também ódio. Como o grupo lidaria com o ódio? A resposta de Freud é precisa: projetam os sentimentos hostis para fora do mesmo. De qualquer forma, o que se busca é eliminar as diferenças. Conceito que nos reenvia também a outro: o narcisismo das pequenas diferenças, que em Freud definiria a questão da segregação ou exclusão das diferenças. É um conceito importante para pensarmos como se situa, nas instituições analíticas, a questão do narcisismo. Mas não me deterei nessa análise por agora.

Mas, esses laços não são ,ainda , suficientes para manter um grupo, faz-se necessário outro tipo de laço emocional com o Outro: as identificações. Freud define, a partir daí, o que se constituiria um grupo primário: "certo número de indivíduos que colocaram um só e mesmo objeto no lugar do eu e, consequentemente, se identificaram uns aos outros em seus eus". Podemos nos perguntar que identificação é esta que anula as diferenças. Isto não estaria contra o conceito de identificação que é, precisamente, marcar também uma diferença? Parece que é aí delimitado um tipo de identificação, na qual as diferenças são anuladas. Qual seria então a saída?

É assinalado que a saída para o impasse ,criado por esse tipo de identificação, seria a identificação histérica: se não somos os favoritos, pelo menos ninguém o será. Por esta via a conclusão de Freud é clara: a formação coletiva nasce de uma ilusão produzida pela hipnose e funciona como uma neurose coletiva, tende a desviar cada um de seus desejos diretos, solicita a uniformidade, amordaça o ego e pode levar a um conflito permanente entre eu e ideal de eu. Freud sustenta que o pai da horda introduz à força ( os filhos) na psicologia das massas. Isto não é apanágio apenas do chefe da horda, mas de qualquer líder. Tal chefe não necessita estar visível, uma idéia, uma abstração poderá tomar o seu lugar.

Pode-se constatar que a questão das identificações nos reenviam a um paradoxo: o traço da distinção, já que a identificação pressupõe uma diferença, pode se tornar um traço de todos iguais . Essa identificação traçada por Freud delimita o Um da igualdade. Freud faz notar que se a identificação a um traço marcaria a diferença do sujeito, a partir desse traço o sujeito pode querer encontrar-se como Um .

É interessante pensarmos que, dentro de princípios lógicos, a regra só pode ser exercida se há a diferença; não existe um todo que seja global, consistente, pois há sempre no todo uma exceção, até para que ele seja todo tem de haver uma exceção; todo e exceção, interior e exterior acham-se interligados, apesar de diferenciados. É assim que o S1 diferencia cada sujeito um do outro. Sabemos que um discurso que resiste a esse traço da igualdade é o discurso da histérica; o sujeito histérico resiste a dar corpo ao Um. O discurso histérico seria a própria encarnação do sujeito barrado, é a própria objeção ao Um . Como afirma Lacan no Seminário 7, o sujeito é o menos Um, ou é o significante que caiu da cadeia.

Relembro, a propósito, algumas pontuações de Quinet nos Seminários sobre a "Clínica dos discursos". O sujeito não é Um. Ele pode ser tudo menos Um, porque é, por definição, dividido. Então, o discurso do mestre, ao instaurar essa identificação, essa instituição do sujeito, faz com que o sujeito se confunda com esse Um que o representa, mas que não é ele. Tal identificação esconde o impasse que existe entre o sujeito e o significante que o representa, porque o sujeito não é um, ele está sempre dividido entre dois significantes S1 e S2.

Este traço seria então o traço que forma o conjunto, seria o Um da universalização. É o que temos hoje através do discurso da ciência. É o Um também do discurso do mestre moderno. Como acentuou Lacan, o discurso do mestre atual é uma modificação do discurso do mestre antigo, só na aparência o sujeito está no comando. Mas como lembrou Quinet, "se o discurso histérico denuncia este embuste do Um, ele acaba apenas por reforça-lo com sua denúncia . Se o discurso histérico denuncia, o analítico trata".

Coloco , a partir disso, uma questão: como fazer laço levando-se em conta essa incompletude? Porque Freud nos assinala a tentativa , sempre presente, de resistir ao incurável da castração e disso, o cartel não está imune. A tendência a encarnar o Um, o mestre, o professor, o coordenador, persiste também na estrutura de cartel. Poderíamos pensar que a saída seria pelo discurso da histérica, já que é o único que produz saber. Mas poderíamos nos perguntar se, sendo o discurso histérico um discurso que melhor definiria o funcionamento de um cartel, na medida em que ele parte da própria divisão da lógica da diferença e instiga a produção de saber, é suficiente para sustentar tal lógica e impedir a consistência imaginária dos fenômenos de grupo.

Resumindo: o Um que é apenas um traço tende a se tornar o Um do amor, enquanto tentativa de dissipar as diferenças, pois se todo neurótico comporta-se como um Menos Um isso não é suficiente para que ele não busque fazer o Um da igualdade, a ilusão de completude. O que Freud assinalou no discurso da histeria, nesse direção, foi que não sendo Um a mais, o sujeito quer ser pelo menos Um, não quer ser um da série, como as histéricas no colégio interno: se não são amadas pelo ídolo, pelo menos ninguém o é . Ou de outra forma, apesar de o sujeito buscar ser Um a mais, diante de seu um a menos, e sendo frustrado em sua demanda, ele quer, pelo menos, ser um. Mas parece-me que o discurso histérico não é suficiente para furar a consistência imaginária dos grupos.

Vejamos, agora, antes de aprofundarmos tal questão, as duas funções em um cartel do que Freud distinguiu nos grupos, os laços libidinais, via transferencial e a identificação . Quais seriam as incidências destes conceitos sobre a função do Mais Um?

Se os laços libidinais é o que une os grupos, no cartel esses laços libidinais, a transferência, devem ser investidos em torno do trabalho, a partir mesmo da escolha do tema. Ou seja, de início, pode-se constatar que, nesse funcionamento, Lacan já diferencia a questão transferencial em um cartel: a transferência é ao tema e não a alguém . Mas, e quando surge a escolha do Mais-Um?

Sabemos que a escolha do Mais-um se faz a partir de um traço, que funciona como via transferencial. Como se cruzam essas duas vias transferencias, do trabalho e do Mais Um ? Sendo escolhido por algum traço, o Mais-um tem como função essencial fazer a passagem da transferência a ele para a transferência ao texto. É daí que a questão da transferência, sendo de início a alguém, este alguém só é representante de um suposto saber e não o saber. Lacan foi incisivo ao delimitar isto: o Mais-um não é um professor, não é um coordenar, não é um líder ou um mestre. E mais, o Mais-um não pode ser identificado como um ideal. Tendo colocado tais pontos, outros surgem: - qual é a lógica do Mais? Porque Lacan utilizou-se desse "Mais" se a idéia era de alguém que faria, pelo contrário, a função de subtração em direção à lógica da descompletude?

Já introduzimos um pouco a lógica do Um enquanto traço, mas resta-nos acompanhar com mais cuidado as formalizações de Lacan em torno do "Mais", para depois retornarmos à transferência e às identificações.

Em "A situação da psicanálise em 56" ( p. 484, ) , Lacan formalizará alguns pontos sobre a função do Um A Mais, é assim que ele a descreve. Primeiro, é preciso , afirma ele, que o "Um a mais" seja Um sem Mais. Assim, poderíamos escrever: Um a Mais =Um sem Mais, pois qualquer Mais Um seria Um Demais( ...)" O Mais ,diríamos, é apenas um significante. É um significante da separação, do corte, e não da junção. Podemos concluir, de imediato, que o mais aí não é o da adição, não diz respeito ao somatório de um cartel. Sem retomar a questão dos conceitos de "Beatitudes" e das "Suficiências" abordados neste texto, quero apenas pinçar um ponto de reflexão desta citação a partir de suas formalizações em 75 e 80, agora com relação ao Um.

1o - O Um não é um número, embora a seqüência de número seja feita de uns. Isto está em RSI ( Janeiro de 75);

2o - Lacan afirma que o Mais Um sendo qualquer Um deve ser alguém . Qual seria a fórmula desse Um, que podendo ser qualquer Um , deve ser alguém, deve ser encarnado por alguém? Haveria aí uma contradição?

A fórmula de Lacan resume-se no seguinte: X+1. O Um não indica um elemento particular da série, isto sabemos, poderia implicar no Um da unificação, tal como vista no discurso do mestre. O Um também não é o somatório dos quatro. Se o Mais do Um é o significante que separa, o que ele separa? Separa, faz corte, de início, à própria consistência imaginária do grupo. Como? Pela identificação não com o Mais Um, mas com o tema.

A função do Mais-um, nesse sentido, tal como definido por Lacan em 80, é de velar pelos efeitos internos no empreendimento, analogia: provocando sua elaboração. Deve promover um sintoma: o sintoma da transmissão, pois o que se transmite é o real. O mais-um, apesar de não ser um analista ,está também confrontado com a produção de um texto, não apenas o texto que lhe concerne, como também o texto de cada um, e sua função passa pelo cuidado com a elaboração. Um texto que há de passar pelo real que toda escrita impõe. Isto nos faz pensar que essa transmissão só se exerce pela via do corte que promove o nó. Como?

Podemos retirar daí pelo menos duas dimensões: a dimensão do que corta: estilete e a dimensão do nó. Se estilete é o que corta, o nó, pelo contrário, é o que faz laço. De que forma o que corta pode fazer nó?

Nó: enlaçamento, junção, ligadura. Matematicamente, uma figura topológica que se obtém com um barbante colando suas extremidades. Possibilidade borromeana de se enodar: pelo menos dois nós enodados por um terceiro; soltando-se um deles, os outros se desligam. Em RSI( 74/75), Lacan formalizará com mais rigor o enodamento do real, imaginário e simbólico, já anteriormente abordado no Mais ainda, particularmente no capítulo intitulado Rodinhas de barbante . Para que se possa enodar os barbantes é necessário emburacá-los, sem o quê um não passaria pelo outro. O que faz buraco no real é o significante produzido pelo recalque originário; instância do simbólico no real. Na consistência (cum sistire ) do imaginário gira, por sua vez, o ex da ex-sistência, fazendo aí intervalo. A ex-sistência é real: o que se mantém, mas estando fora. Consistência, ex-sistência e buraco estão, de qualquer forma, presentes nos três registros. Cada um só é Um em três, apesar de não fazerem o Um que anularia as diferenças. O real do enodamento só é efetivo, suportado pelo buraco radical: o Nome do pai. É através desse buraco que o a, causa do desejo escapa. O objeto a, alojando-se nessa prensagem dos três, é um buraco que aponta para o exílio de cada um não apenas como sujeito, mas como ser falante. O objeto a surge no lugar da prensagem dos três nós: R, S, I; lugar de ligadura do buraco de um com o buraco do outro. Não sendo simbólico, imaginário ou real, o nó é o traço onde se lê um efeito de linguagem. A supressão de um elemento faz o conjunto perder o sentido. Sentido sempre tênue, prestes a desaparecer .

O Um , dessa forma, sendo corte, descompletude, é aquele que possibilita o enodamento. Em Décolage ( p. 43) Lacan acentua que o "Mais Um" está presente, mas sempre desconhecido. Deduz-se que o Mais-um está presente em todo agrupamento humano. O desconhecido, afirma Lacan, tende a ser identificado com o ideal. É o que vemos na demonstração de Freud do funcionamento das igrejas. E o ideal, como acentuou Freud, ligando os sujeitos entre si, oculta o desejo de cada um. Desta forma, se o Mais-um é identificado com o ideal e aí se sustenta, ele não exercerá a função de corte e, portanto, não promoverá o enodamento entre real, simbólico e imaginário e os efeitos de grupo se imporão.

Dessa forma , no caminho de constituição de um cartel , quatro se escolhem; temos aí uma função primeiramente imaginária e de cola. Há uma demanda: escolha do tema de trabalho, via simbólica . A escolha do mais-um, podemos pensar ,que deveria servir de mediação simbólica e descompletude do grupo, pode se tornar um outro ponto no qual o imaginário se fortalece. Sabemos que a nominação pelo imaginário gera a inibição. É, pois, por sua função de corte e de não resposta à demanda do cartel que o mais-um se torna um significante. A sua não resposta gera, de início, a angústia que toda forma de real impõe, mas gera também a possibilidade de se introduzir o sintoma.

Podemos então concluir que a função do mais-um é de instaurar ou de velar para que num cartel, o ensino se assente na própria acepção da análise, ou seja, um ensino no qual o real possa surgir e que, assim sendo, a função de um cartel de promover o laço de tensão entre a intensão e a extensão se faça efetivamente. Como assinala Lacan, no cartel, cada um deve ser efetivamente, e não apenas imaginariamente, o que sustenta o grupo. Da mesma forma, cada um no cartel é também responsável pelo todo e, assim, essa função deve circular entre os outros membros.

Retornando a nossa questão inicial: o discurso histérico é suficiente para sustentar tal lógica? O discurso histérico apesar de desencarnar o Um ,não deixa de buscá-lo em sua identificação. Há algo estrutural nisso, não se trata apenas de imaginário. O Nome do Pai é o responsável pela sublimação, pela potência criadora que surgirá de maneira imaginarizada na figura do Pai ideal. O Pai da potência de criação é o pai idealizado que surge no discurso histérico. Então, essa colocação do Outro no lugar do Um do amor, a quem o discurso histérico dirige o amor, criará, como salientou Quinet, a figura do Papai-sabe-tudo . Lacan resume esta fórmula assim: a histérica/o histérico procura um mestre cego para governar quando, na realidade, é ela quem reina.

O mais-um tende a se reduzir, sob o discurso histérico, em um significante. Assim, seguindo o próprio Lacan, não há produção de saber que não seja provocada pelo discurso histérico. Nesse sentido o mais-um deverá exercer sua função a partir do furo que o discurso histérico introduz, pois, como sabemos, como mestre não há saída para o saber, pois o mestre não deseja saber nada, quer que as coisas simplesmente andem.

Mas creio que uma hipótese é que isto não seja ainda suficiente, a função do mais-um deve ir além; velar para que a impotência que tal discurso gera não impeça a elaboração. Dessa forma, há que se ter nessa função uma determinada preocupação em tratar o gozo e a via passaria pelo discurso analítico, mas não pelo analista. Não se trataria de dar ao mais-um a função de analista, mas que essa função possa transitar entre todos no cartel. Não se trata de um ensino qualquer, mas de um ensino que tem o real da transmissão como sintoma. Trata-se, a meu ver, no cartel, e esta é uma função do mais-um, indagar: o que se transmite quando se transmite a psicanálise? Então nesta função algo de analista deve prevalecer, mesmo que seja no germe de um analisante.

 

Relato de Clarice Gatto

Prezados Colegas,

Bis!!! É com imensa satisfação que participo a vocês o igualmente caloroso debate que tivemos na noite de quinta-feira (14/9) no Fórum do Campo Lacaniano de Belo Horizonte sobre "A função do Mais-Um". Desta vez foram mais de duas horas de trabalho intenso por onde a palavra teceu tantos nós trazendo-nos constatações muito instigantes... Agradeço a Zilda Machado o convite para coordenar essa mesa-redonda que contou com a apresentação dos belos trabalhos das colegas Ângela Mucida e Nazareth Plentz.

Não posso deixar de registrar a delicadeza de Zilda na condução da organização desse debate, certamente propiciando grande parte de seu sucesso. A outra parte, claro! Ficou por conta de todos os colegas presentes com sua generosa contribuição à discussão sobre os problemas cruciais de nosso funcionamento, tornando o clima muito agradável.

Ângela Mucida partiu de *A psicologia da coletividade e análise do eu* de Freud para pensar o que vai unir o grupo - os laços libidinais e a identificação. Tomando o que chamou provisoriamente de "a nova teoria de grupo" em Lacan abordou a transferência e a identificação no cartel para trabalhar a função lógica do Mais-Um em seu caráter de corte e de diferença (de separação).

Nazareth Plentz problematizou o cartel a partir da estrutura discursiva e refletiu sobre as conseqüências lógicas do produto da elaboração; a função do Mais-Um como a função suportada por alguém que fica "entre quatro" num lugar *extimus*, presentificando "o real em jogo".

Ao final das apresentações fiz um breve resumo destacando: A diferença assinalada por Ângela entre o "pequeno grupo" chamado cartel proposto por Lacan para redirecionar os problemas oriundos do grande agrupamento proposto por Freud. "Se os analistas se reúnem nem por isso fazem um grupo de psicanalistas...", pontuou (Ângela). No entanto, a psicanálise em *intensão* leva os analistas a precisarem de uma Escola para acolher o singular do ato analítico. Foi recordado por ambas a importância da "crítica assídua" no âmbito do movimento psicanalítico...

Sobre a topologia do cartel - levantei minhas dúvidas quanto à fixação no âmbito do cartel do discurso da histérica (de Lacan) e destaquei que a exposição de Ângela nos levava a pensar justamente na histericização através dos "giros entre os discursos" propiciada pela transferência (grosso modo, a substituição de um significante por outro e/ou o deslizamento...) que permite as análises, interpretações e surpresas evocadas ante o que não se sabe provocando as "ligações sentimentais" (Gefühlsbindung) de que nos fala Freud, encarregadas de despertar o amor, o ódio, o ciúme, etc. Destaquei que para Lacan o ciúme é originário nos agrupamentos - "está na gênese da sociabilidade" - diversamente de Freud para quem era o amor (ao pai)...

Nazareth fez uma analogia interessante entre a função do Mais-Um e a brincadeira "dança das cadeiras", onde é a falta que assinala o movimento ao *desacomodar* +1... Ao tomar o Mais-Um como significante, Ângela destaca a importância de sua presença na série p/ que o trabalho se efetive... trazendo-me a imagem do "cartão de ponto" no mundo capitalista, pois o trabalho não será "a essência concreta dos homens como pensavam os marxistas" (nos dizeres de Foucault)... "para que os homens sejam efetivamente colocados no trabalho, ligados ao trabalho, é preciso uma série de operações complexas..." e Lacan saca isto muito bem... o cartel é o(a) nosso(a) "capital da libido"!

Para finalizar destaco a bela imagem trazida por Ângela (apoiada no R.S.I. de Lacan) de que uma das funções do cartel é gerar um sintoma criando, assim, a transmissão do real... da diferença própria do sujeito, acrescentou Nazareth.

Destaco as colocações preciosas de Fernando Grossi, Ana "dos Nós", (Analuiza Telles - mais-um do Cartel sobre topologia), Márcia Montezuma, Rosangela Corgosinho, Bárbara Guatimosim, Rosana Baccarani, Antonio e de outros que lá estavam e propiciaram um rico debate.

 

Resumo do debate

Qual é a função do mais-um? Cabe ao mais-um, ao aceitar a demanda que lhe foi endereçada, medir bem a responsabilidade deste ato. Esta não é uma posição de poder, não é posição de carreira e nem dá título, embora se constate que não é incomum os mais-um carreiristas. Trata-se de uma deturpação e imaginarização desta função. Este, tal como o do analista, não é lugar para ser, é lugar para se estar. Para ocupá-lo, o que é necessário é a dessubjetivação desta pessoa. Sua função é, com a sua presença real, ocupar o lugar da transparência que faça obstáculo à unificação do grupo e que leve os outros sujeitos a porem de si na construção do saber psicanalítico. Trata-se de incentivar a e-labor-a-ação daqueles sujeitos. Só assim o mais-um pode velar para que o discurso circule e para que a transferência ao texto se estabeleça. Parafraseando o conceito "desejo do analista", poderíamos pensar em "desejo de mais-um"? Após intensa discussão concluímos que não, porque este é um lugar vazio a ser ocupado por todos os membros do cartel.

Quem é o mais-um? É qualquer um que tenha sido escolhido pelo grupo. Não precisa ser um notável, antes, é uma subversão à hierarquia instituída. Deve ser nomeado para marcar o lugar simbólico que vai fazer furo no real. Mas este não é um lugar para se alojar, dentro do Cartel há lugares e há o discurso circulando. Como nos lembrou Nazareth, se assemelha ao jogo "dança das cadeiras", onde de repente alguém apita e todos têm de trocar de lugar. Por isso, embora um seja nomeado mais-um, mesmo esta função pode também circular entre todos os membros, a cada momento um pode estar com o apito que desacomodará os quatro que estão em funcionamento no grupo.

A elaboração do Cartel: Há uma estrutura de funcionamento do Cartel postulada por Lacan que se repete a cada vez que um Cartel é endereçado à sua Escola e que culmina com a apresentação do resultado deste empreendimento em no máximo 2 anos. É peremptório: não se pode recuar diante do compromisso assumido, como nos lembrou Clarice, só há afirmação do destino da pulsão: ou se apresenta o trabalho elaborado no Cartel ou as crises que impediram a realização do trabalho. Trata-se, portanto, do compromisso ético de colocar a céu aberto a experiência dos praticantes e com isso conseguir tanto o avanço da teoria psicanalítica quanto o avanço da teoria e da prática do dispositivo.

O Cartel não é lugar de aprendizagem: Se fosse, ele estaria fixado no discurso universitário. O cartel é lugar de produção, de elaboração de um sujeito. E a noção de elaboração é mais importante num cartel do que a idéia de trabalho de base, pois este é conseqüência da elaboração, se ela for possível, se o cartel se constituir como tal. Porque não basta juntar 4+1 para termos um cartel, sabemos que ele tem uma lógica própria, é preciso ainda mais um passo para "entrar em trabalho de cartel".

Há diferença no manejo da experiência inaugural? Na nossa experiência hoje, diferentemente da época que Lacan propôs o dispositivo do cartel, muitas pessoas o procuram como a primeira forma de contato com a Psicanálise. Isso coloca uma questão ao mais-um: haveria uma estratégia diferente neste caso? Pareceu-nos que há sim um manejo especial para estes casos, mas, qual seria ele que não tivesse uma conotação de manejo clínico? Porque definitivamente, isto não é da ordem do cartel.

Por que ao longo da história do movimento lacaniano, embora o cartel esteja muito bem localizado no discurso - é o pilar da Escola - sua prática tem sido tão menosprezada? Pareceu-nos basicamente que isto se deve a dois motivos: a) O cartel desaloja os notáveis, que preferem os seminários, as conferências, etc, e com isso ficam tão ocupados que não lhes sobra tempo e mesmo interesse para trabalho em cartel. b) A política implementada pela instituição, que no mais das vezes não vela pelos cartéis, não dá à elaboração dos cartéis a devida importância, só quer lista de cartel, catálogos, a parte burocrática dos mesmos.

Qual é o lugar que a Escola do Campo Lacaniano dará aos Cartéis? A Escola proposta por Jacques Lacan é sustentada pelo trabalho realizado em cartel. Portanto, que medida adotaremos para, na Escola que estamos construindo, dar ao cartel o papel que lhe é de direito?

Zilda Machado/coord.Secr.Cartéis do FCL-BH

Informações e Inscrição para cartel: Telefone: 3227-5331

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NOTÍCIAS

Locais

O Fórum do Campo Lacaniano BH está concentrado neste ano de 2001 no sentido de desenvolver basicamente dois vetores:

1- O trabalho em cartéis que desde o ano passado tem sido para nós lugar e objeto de um trabalho investido na proposta de Escola de Lacan. Dia 07 de Março faremos a abertura oficial dos trabalhos do Fórum com a presença de Maria Aparecida Pedrosa, nossa colega da AFCL, que nos falará de sua experiência com os cartéis em Curitiba.

Estamos trabalhando no sentido de realizar, em julho de 2001, uma primeira Jornada de Cartéis.

2-A discussão em torno da construção da Escola. Visando juntarmo-nos ao debate nacional e internacional que terá sua concentração em abril no Rio e que se acirrará durante todo este ano, decidimos criar um Seminário-Escola, com uma coordenação ampliada e circulante, onde cada um dos membros interessados nas questões da Escola coordenará as reuniões a partir das propostas que estão surgindo nas redes do Campo Lacaniano. Com esta intenção contaremos, no intercâmbio, com a vinda de Dominique Fingermann (S.P.), que estará conosco no dia 17 de Março, abordando a questão: Que Escola para o Campo Lacaniano?

Ao lado disso e em articulação com as Formações Clínicas do C.L., estamos organizando mesas redondas itinerantes, preparatórias para a Odisséia, com o apoio do Círculo Psicanalítico de Minas Gerais e de outras associações, que aceitaram o convite de comemorar conosco e com a comunidade analítica de BH, o centenário de Lacan. Inspiradas nas temáticas levantadas pelo colóquio internacional, já estão marcadas para o mes de março duas mesas com os temas: "Final de análise e a intervenção de Lacan na direção do tratamento" e "Lacan no século", nas quais participarão colegas de várias instituições, brindando-nos com a variedade de seus percursos.

Nacionais

O II Fórum nacional da AFCL será sediado em São Paulo, em outubro de 2001, com a Presença de Colette Soler. (data e local a serem confirmados)

Internacionais

2001 - A ODISSÉIA LACANIANA.
Colóquio Internacional: Lacan no século.

 

Forum do Campo Lacaniano-BH

Coordenação:


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