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Número 17 - Noviembre 2005

Memória autobiográfica. Metodología de formación continuada

Vera María Antonieta Tordino Brandão
veratordino@hotmail.com

Introdução

Neste artigo apresentamos o projeto Memória Autobiográfica: Teoria e Prática, realizado na cidade de São Paulo (Brasil), desde o ano 2000, que propõe uma metodologia de formação continuada para profissionais das áreas de saúde e educação atuantes junto ao segmento idoso. As bases teóricas estão fundadas nos saberes disciplinares das ciências humanas - Antropologia, Memória Social, Filosofia, Arte e Educação – e os propostos pela Neurobiologia e Psicologia.

Sua base metodológica encontra-se na atitude interdisciplinar 1, ante os vários saberes disciplinares, e na inter-relação dinâmica destes e das memórias sócio-afetivas, observada na práxis, que aponta possibilidades estimulantes não só ao rever mas, principalmente, ao ressignificar o passado e seus acontecimentos - bons ou não, e as experiências vividas, oferecendo uma abordagem renovada para a revisão dos projetos de vida e trabalho.

É um projeto de intervenção que pode ser desenvolvido com profissionais de diversas áreas, que tenham como foco o atendimento gerontológico, sensibilizando-os para uma atitude de escuta e respeito – uma perspectiva mais humanística - para com o indivíduo, considerando-o não só um "paciente", um número no prontuário, uma patologia - um "problema" -, mas como alguém portador de uma história única e significativa.

Ver o outro como um possível de si, colocar-se em seu lugar, por meio da escuta das suas histórias, pode trazer benefícios e melhoras significativas no atendimento dos idosos, e conseqüentemente, uma recuperação mais rápida - efetiva e afetiva.

Como afirmam Argoud e Puijalon (1999) 2 a velhice deve ser compreendida ao mesmo tempo que explicada, e que:

Se o envelhecimento é uma realidade para cada indivíduo, ela deve ser dita na primeira pessoa e vista na perspectiva e no movimento da história individual e singular de cada um. Ouvindo o idoso, o olhar que teremos sobre ele e o envelhecimento não será jamais o mesmo.(2000:126)

Esta observação é pertinente em relação a alguns trabalhos e pesquisas em Gerontologia que falam sobre o s idosos, de uma perspectiva externa a eles, mas não ouvem sua própria voz. Ele é visto como "objeto de estudos" e suas palavras aparecem, freqüentemente, codificadas e mesmo deturpadas nos resultados finais das mesmas. Ouvindo os velhos, dando-lhes a palavra, através do resgate e ressignificação de suas histórias, podemos fortalecer sua auto-estima e sentido de pertencimento, ouvindo a voz do ser ainda desejante, senhor de sua vontade, mesmo considerando algumas perdas, inerentes ao processo de envelhecimento. Estabelecemos assim o conceito de velhos e velhices, em seu sentido plural.

A memória estabelece a identidade, cada memória é única, mas esta faz parte, simultaneamente, das comunidades -restritas ou ampliadas - das quais participamos, ligando-nos também às memórias comuns, sócio-históricas. Ao trabalharmos com as histórias dos sujeitos, como narrativas, ficam evidentes as lembranças individuais entrelaçadas às memórias coletivas, e como parte da memória histórica que as contextualiza.

As considerações feitas acima, parte da abordagem teórica que embasa a metodologia do projeto Memória Autobiográfica – Teoria e Prática, é resultado de um trabalho prático, por meio das Oficinas Memória e Cultura, realizado com idosos desde 1994 e dos estudos teóricos que fundamentaram nossa dissertação de mestrado e a tese de doutorado em Ciências Sociais – Antropologia.

O projeto de formação continuada que propomos tem como objetivos: reavaliar os projetos de vida-trabalho dos profissionais; rearticular os saberes interprofissionais; sensibilizar para o potencial dos trabalhos envolvendo a memória social e a escuta sensível das narrativas; ampliar o campo de estudos sobre o envelhecimento e suas práticas; formar multiplicadores da técnica – Oficinas Memória e Cultura, com idosos.

Nesta perspectiva tomamos como ponto de apoio, entre outros autores, as reflexões feitas por Maurice Halbwachs (1877-1945) em duas obras, consideradas clássicas, uma publicada postumamente – A Memória Coletiva -, cuja primeira edição é de 1950.

Segundo o autor, quando resgatamos as narrativas dos sujeitos trabalhamos com a lembrança única, a experiência solitária da qual o informante é a única testemunha, mas não podemos esquecer que o "eu" faz parte de uma " comunidade afetiva" que traz todo o contexto das situações sócio-familiares partilhadas, por e com outros membros do grupo.

Muitas destas lembranças, que fazem parte da lembrança individual são, muitas vezes, incorporadas como tais porque nos apropriamos dos relatos contados por pais, tios, avós, sobre fatos vividos no seio da família e, posteriormente, ao longo da vida pelos colegas de escola, trabalho ou outros grupos sociais dos quais fazemos parte. Segundo o autor toda a lembrança liga-se a um contexto social mais amplo.

Nunca estamos sós -, diz Halbwachs (1990), reforçando sua tese de que toda a lembrança, mesmo tida pelo indivíduo como única, prende-se de alguma maneira ao contexto social mais amplo. Lembrar é reconstruir o passado a partir dos quadros sociais do presente, é uma lembrança consciente. Ela também se apóia no tempo socialmente referido – a memória está no grupo – e o trabalho de reconstrução do passado só pode ser realizado neste contexto. (Brandão, 1999)

O trabalho que apresentamos, realizado inicialmente com os grupos de idosos e posteriormente com profissionais, tem o sentido também de uma reconstrução e ressignificação das identidades, redefinindo para os participantes seu lugar social e suas relações com os outros. (Pollack, 1989:13)

Este processo de reconstrução e ressignificação, através das memórias, mostra a identidade como categoria dinâmica, construída, múltipla e passível de ser atualizada e, ainda, a maneira como ela acompanha a construção de um sentido para trajetória de vida narrada como uma história.(Brandão,1999). 3

A memória estabelece, pois, nossa individualidade e nossa identidade. Diz Izquierdo que somos quem somos porque nos lembramos... a memória estabelece nossa individualidade. (1999)

Trabalhando com os grupos, no partilhar das experiências vividas, vemos a formação de uma nova "comunidade afetiva" onde se cruzam as memórias individuais e as memórias coletivas (Halbwachs, 1990) trazendo o passado, mas ressignificado pelo presente. Este processo também se mostra adequado para uma revisão e ressignificação dos projetos de vida-trabalho de todos os envolvidos.

Podemos observar, a partir da prática, como estimulados com a idéia de rememorar, re-lembrar, os participantes – profissionais e idosos - tecem novas teias de relacionamentos no interior do grupo com a descoberta de mesma origem - cidade, região, país; mesmas crenças; a partilha de períodos de dificuldades e mudanças sócio-políticas, e pelas dúvidas, dificuldades e desafios vividos profissionalmente. No grupo de profissionais partilha-se, também, os questionamentos em relação aos projetos de trabalho específicos e, muitas vezes, um certo desencanto decorrente de uma prática rotineira e instrumental. Compartilhar os momentos difíceis passados, e ultrapassados, deixa fortes marcas e aproxima o grupo, dando a todos um sentido de pertencimento a humanidade comum, com suas dúvidas, desejos, alegrias e frustrações.

Ao compartilhar lembranças, os tempos individuais se cruzam, formando um outro tempo coletivo, tempo presente no grupo. Este compartilhar dá lugar a uma nova solidariedade, que propicia a cada um, e ao grupo como um todo, a segurança necessária para os relatos em um espaço de valorização e compreensão.

Assim a indiferença, marca das grandes cidades e espelhada em muitos grupos, desaparece dando lugar a uma nova trama de relações. Podemos notar, no decorrer dos encontros, um fio que percorre as histórias individuais, mesclando os projetos de vida-trabalho, ligando-as a um contexto social - passado/presente - e que se projeta para o futuro. Assim os grupos, formados aleatoriamente, tecem uma nova trama de (re)significados. Frequentemente, nestes grupos, surgem novas parcerias profissionais, e novas perspectivas e projetos de trabalho, resultado do compartilhar das experiências e as reflexões daí decorrentes. 4

Esta perspectiva de futuro surge também com a realização do trabalho documental - os cadernos de memória - brochuras que contêm os relatos escritos, fotos, receitas, canções, avaliação dos projetos de trabalho, entre outros, que transforma os participantes em narradores e produtores culturais trazendo para a comunidade a trajetória de vida-trabalho vista "de dentro".

Uma das marcas do projeto, como visto acima, é a utilização dos conceitos de ressignificação e memória afetiva positiva no resgate dessas trajetórias. Consideramos que ressignificar é um processo de atualização da identidade e dos projetos vistos em sua dinâmica, já que se atualiza ao longo da vida dependendo dos papéis que assumimos ou abandonamos, ligados aos espaços sociais e profissionais que ocupamos.

Como diz Thomson "compomos" nossas lembranças para dar um sentido a nossa vida passada e presente.5 Ao rememorar e relatar o indivíduo usa o presente no qual se encontra, para situar-se. Ele fala de um "locus" específico, e assume o papel do clássico "narrador" da história, como proposto por Benjamin, no qual o narrador retira da experiência o que ele conta: sua própria experiência ou a relatada pelos outros. E incorpora as coisas narradas à experiência de seus ouvintes. (1994:201)

O conceito de memória afetiva positiva vale-se da experiência, mas também utiliza a perspectiva do desejo - do que ainda posso e quero fazer -, não da mesma maneira, porque mudamos nós e os nossos planos. Mudou também o mundo em que vivemos e, assim, tendo clareza das reais possibilidades esta ressignificação, partindo da memória positiva, pode levar-nos a projetos futuros.

Baseada na Memória Social, e tendo-a como fio condutor, procuramos articulá-la com saberes complementares - Antropologia, História, Educação e Filosofia – entre outros, e com as questões do tempo/espaço, identidade, subjetividade e ética.

Ao longo do processo, às questões propostas pela teoria soma-se à prática de cada profissional e suas trajetórias pessoais, que se explicita nas vivências decorrentes das Oficinas, abordagem facilitadora para a construção de um conhecimento em grupo, e que pode ser levada, posteriormente, aos grupos de atuação. Consideramos que a partir do estudo, reflexão e vivências constroi-se um espaço no qual os profissionais vão re-elaborar também modos próprios de atuação atentos, sobretudo, às necessidades dos grupos, dando voz e vez aos idosos ou aos outros profissionais da sua equipe de trabalho.

O processo vivido por cada um, e pelo grupo como um todo, é o que realmente merece ser apreciado e valorizado. Neste, o respeito e a ética formam a base para que os relatos das experiências, as dúvidas, e as questões possam surgir. A proposta é: leitura de textos teóricos, reflexão e discussão; articulação com a prática de cada um trazida ao grupo. Ser escutado e escutar. Desenvolver uma escuta sensível de si e dos outros. (Barbier, 1998)

Posteriormente, escrever as reflexões e dividi-las com o grupo, material que formará o caderno de memórias, que concretiza parte do processo possível de ser desvelado.

A vivência no grupo traz um aprofundamento das experiências e leva o profissional a repensar o sentido de seu projeto de trabalho/vida, ressignificando seu "ser e estar" no grupo social onde vive e atua profissionalmente. Acreditamos que só uma articulação entre trabalho e vida, um dando sentido ao outro, tendo o profissional a consciência desta articulação e fazendo dela um exercício diário, podemos pensar num processo de construção de sentido, frente as aceleradas mudanças desta que é dita "a sociedade da informação".

MEMÓRIA AUTOBIOGRÁFICA –a revisão das trajetórias e a busca de sentido.

Ao resgatar e ressignificar as trajetórias podemos "ver" como as marcas que as sensações, internalizadas, re-elaboradas subjetivamente, e vividas em certo meio cultural, transformam-se em um saber próprio, auto-referenciado. Consideramos, assim, que toda a memória é conhecimento, como processo de aprender-ensinar-construir. Fazer, desfazer, refazer (se) – no sentido de uma investigação do sentido de nossas escolhas e trajetórias seguidas.

Uma (re) visão aberta e ampliada da trajetória, que (re) visite as escolhas feitas e as ações delas decorrentes, requer a consciência da dimensão dos tempos vividos. Devemos voltar nos passos dados e perguntar: qual o sentido do projeto de vida e trabalho tem nos guiado? No que mudamos, nós e nossos projetos? O que conservamos do sentido-paixão que nos fez trilhar este caminho? Quais os desvios feitos? O que fizemos do nosso projeto, enquanto aposta existencial? 6

Utilizamos o termo sentido de forma ampla: como sensação, como significação e como direção (Pineau, 2000). Assim, tudo o que permaneceu e permanece em determinada cultura tem como primeiro registro a sensação – o que primeiro "impressiona" e deixa marcas, do e no mundo exterior. Nada fica registrado se não tiver passado pelo crivo da emoção (Izquierdo, 2002) - fica o que significa. Permanece aquilo que tem um sentido-significado e aponta uma direção. E, na busca de sentido, fazemos uma abordagem exploratória - a aventura do conhecimento - considerando como bagagem tudo o que adquirimos, formal ou informalmente, todas as experiências da nossa trajetória até então7.

Somos, assim como nossas escolhas, o resultado de nossas experiências pessoais, objetivas e subjetivas, em meio a uma teia de relações sociais. São fios que se entretecem interna e externamente, formando um tecido sobre o qual acontecem as escolhas sendo, parte da trama, tecida por nosso imaginário e o da cultura da qual fazemos parte.8

Com a revisita periódica às trajetórias e, assim, aos projetos de trabalho e vida – por meio da memória autobiográfica – seja com os idosos seja com os profissionais, estaremos numa ação em movimento – a caminho do re-encontro dos sentidos e de suas rearticulações, sempre necessárias, a serem feitas ao longo da vida.

Na sociedade em que vivemos - de consumo, alta tecnologia e tempo acelerado -, parece contraditória a utilização da perspectiva autobiográfica, na busca dos sentidos, por meio das narrativas. No entanto, é exatamente por meio dela que procuramos encontrar e explicitar um entendimento interno, e um sentido ampliado para o ser-estar no mundo, com os nossos saberes-fazeres. Nesta perspectiva vamos pesquisar o movimento desenhado pela ação exercida (Fazenda, 2000) buscando o sentido amplo da trajetória, unindo saber e ação que se superpõem e retroalimentam num movimento incessante e infinito. É a possibilidade, na qual acreditamos, para o entendimento/ação na sociedade da sobremodernidade. Apesar das relações de incerteza que induz, das contradições e ambigüidades, estas contém os germes de mudanças, e encontram-se mesmo nas sociedades tradicionais consideradas mais estáveis. 9

Observamos que a mudança está sempre presente e na sua dinâmica (potencial) procuramos entender a realidade. A mudança, movimento mais incerteza, vivida na sobremodernidade (Balandier,1997), pode ser vista de maneiras opostas: sob um aspecto absolutamente positivo, onde tudo é possível graças aos avanços tecnológicos, numa visão instrumental do futuro ou no seu contrário, pessimista, na qual predomina o caos/desordem e a perda de referências básicas como, por exemplo, a identidade cultural.

No entanto, esses aspectos não são excludentes ou opostos, mas complementares. São possibilidades que pulsam, latentes, em todos os grupos humanos. Usando a metáfora da bricolage, acreditamos que nada (dos restos) deve ser descartado, pode servir para a (re)construção. Na trama (de fios) ou mosaico (bricolage) – seja qual for a metáfora escolhida – temos a possibilidade de ver a tradição 10, a experiência, ao lado da inovação tecnológica, sendo integrada num movimento de reconstrução e reorganização constantes.

Às questões já levantadas juntam-se as relativas ao lugar ocupado pela memória, que articula as experiências vividas e o imaginário da cultura 11, como produção humana, sendo ela fundamental para uma investigação sobre a construção dos seres-saberes-fazeres. Falamos de um saber da sobremodernidade, considerando que o termo propõe uma superposição, um trajeto construído e eternamente realimentado pelo ser humano que se move, indaga, aprende, reproduz, cria, recria, num tempo/espaço de vida, construção, busca e produção de um sentido que dá forma à cultura humana. A esse respeito, Balandier vai nos dizer:

O homem se situa, se inscreve em seu meio e age sob o comando da razão comum, e mais ainda de suas próprias razões onde se misturam seus interesses, seus desejos, suas interpretações e suas crenças.
O imaginário permanece mais que nunca necessário; é de algum modo o oxigênio sem o qual toda a vida pessoal e coletiva se arruinaria. É feito de todas as imagens que cada um cria a partir da apreensão que tem de seu corpo e de seu desejo, de seu ambiente imediato, de sua relação com os outros, a partir do capital cultural recebido e adquirido, bem como das escolhas que provocam uma projeção no futuro próximo. (1997a:232)

Acreditamos que o passado, ou a tradição, elaborado e apresentado pela memória, é naturalmente incorporado à construção de sentido, na medida em que nos interessamos pela trajetória de vida e trabalho, com suas marcas individuais mescladas às histórico-culturais, vividas num tempo e espaço determinados, mas confrontada com o presente (da qual já faria parte como recomposição) e sempre em processo de ressignificação.

A inserção social da memória, vista como coletiva, deve ser considerada como uma possibilidade real, pois existe, mas não como algo que a limite. Sabemos que fazemos parte dessa memória coletiva e histórica, mas cada olhar é único e reproduz uma visão, mas que não a explica nem esgota. 12

A busca do sentido pode ser vista também no (re) conhecimento da trajetória em processo (porque articula passado – presente – futuro), pois o indivíduo nela busca o que já foi, ainda sendo, e o que não sabe o que será. Como um movimento pulsátil de contração - para dentro (busca refletida) e descompressão - para fora (ação refletida). 13

A memória mostra-se como instrumento fundamental na recomposição do imaginário, que realimenta a cultura, porque através dela os conteúdos vividos e retrabalhados pela subjetividade (inconscientes/latentes) são trazidos ao presente, e nele incorporados. A memória de todas as lembranças retidas (de forma mais ou menos clara, com registros conscientes e inconscientes) pode ser invocada e aparecer prontamente ou nos tomar como uma força avassaladora, muitas vezes sem ser chamada, para reconstruir uma imagem, uma história e um personagem feitos de restos, num eterno trabalho de bricolage.

A memória poderia ser um "antídoto" contra o que Balandier chama de desencantamento da existência.14 Nos momentos de crise, quando tudo parece perdido, sem sentido e incerto, recorremos à memória e, através dela, ao imaginário da cultura para (re) compormos os horizontes. Ela teria também uma função libertadora e criadora, pois, como diz Bergson, graças a ela a consciência retém cada vez melhor o passado para organizá-lo com o presente em uma decisão mais rica e mais nova. (1990:204).

Esta abordagem possibilita, ao nosso ver, considerar a memória como base de uma metodologia de formação continuada, instrumento de resgate das trajetórias por meio das narrativas, e com uma função ressignificante. A ressignificação faz dela uma ponte entre o passado e o futuro, incorporando todo o vivido, re-construído, e apontado para perspectivas ampliadas na compreensão de um sentido-saber rearticulado, refeito, religado. A cuidadosa busca de sentido, não se encerra. Não sabemos o quanto teremos de caminhar. Permanece a inquietação do desafio proposto por esta busca de sentidos no trabalho, na vida.

MEMÓRIA AUTOBIOGRÁFICA – como recurso metodológico de formação.

O projeto Oficina Memória Autobiográfica – Teoria e Prática, iniciado no ano de 2000 envolveu, até o momento, cerca de 140 profissionais com o seguinte perfil: 30% psicólogos; 30% assistentes sociais; 20% pedagogas; 20% entre enfermeiras, fonoaudiólogas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, etc; 97% do sexo feminino e faixa etária de 23 a 78 anos ( média de 45 anos).

Destes, 65% desenvolve atualmente atividades baseadas na metodologia proposta e, do número total, três efetuaram pesquisas de campo acadêmicas, utilizando a oficina de memória autobiográfica com técnica de pesquisa de campo, em 2 dissertações de mestrado em Gerontologia ( Nutrição) e 1 tese de doutorado em Ciências da Saúde ( Psicologia). 15

O trabalho realizado com os profissionais da Educação e Saúde, objetiva desenvolver competências utilizando, como ponto de partida, o resgate da trajetória e o projeto de cada um – (re) conhecer-se -, recuperando a memória da trajetória, para ir ao encontro do outro - idoso, aluno, paciente ou colega de equipe. Dirigido aos profissionais de diferentes áreas disciplinares, que se tornam multiplicadores da metodologia junto aos idosos e a outros profissionais, pode ser inscrito como uma das possibilidades da formação em processo,continuada, considerada hoje como fundamental em todas as áreas e, especialmente, na gerontológica diante do aumento da longevidade e da necessidade de formação e atualização constantes dos profissionais.

No trabalho partimos das possibilidades individuais, contemplando a diversidade e a subjetividade e, ante estas múltiplas possibilidades, podemos dizer que a Oficina "se faz" através do encontro e da (re)construção proporcionada pela memória da trajetória até as realizações atuais. Como de maneira feliz definiu uma aluna - a Oficina é lugar de grandes transformações.

O processo vivido, ao longo do trabalho, é complexo porque envolve a base disciplinar de cada profissional, novos estudos teóricos, a emoção da partilha e sua re-elaboração. È utilizado também um material de aquecimento que contém o mote para as reflexões individuais, transformadas em textos escritos e partilhadas com o grupo. Esta articulação realizada em dois momentos distintos quando, solitariamente, se repensa e redige e, posteriormente, fala ao grupo, proporciona um aprofundamento da reflexão e quase sempre se desdobra em outras lembranças muitas vezes complementares ou diferentes daquelas iniciais. Mas sempre como um aprofundamento na busca de entendimento de si e do outro. Interessante notar que o mesmo material de aquecimento é lido de modo diverso havendo, muitas vezes, motes diferentes para um mesmo material. Em relação aos textos teóricos observamos o mesmo processo de diferentes leituras e análises o que, no processo de reflexão e discussão, enriquece esta construção partilhada de conhecimentos – saberes-fazeres. 16

Vale ressaltar, neste ponto, a questão do método que é o caminho que se faz ao caminhar (Pais, 2000), entendido como um processo, e não como um dado apriorístico, e é neste sentido que consideramos a memória autobiográfica como metodologia de ensino e pesquisa.

Se, com nos diz Fazenda (2002a), a interdisciplinaridade é uma atitude frente ao conhecimento, devemos pensá-la frente ao conhecimento em geral, nosso e do outro. Trabalhando com grupos vamos ao encontro destes "outros" parceiros de trajetória com seus conhecimentos e saberes, adquiridos ao longo da vida. Utilizando o proposto por Quintás (mimeo.s/d), vamos entrar em um campo de realidade, onde se entrelaçam heranças biológicas, desejos, projetos, sentimentos, experiências... Para que possamos ser depositários destas experiências e histórias devemos construir juntos um espaço onde seja possível criar com a pessoa uma relação de autêntica convivência, um espaço que seria um campo de jogo comum onde se daria uma experiência de mão dupla, quer dizer, reversível.

Consideramos fundamental, nesta conclusão, salientar a consciência das limitações impostas a esta metodologia. Sabemos da subjetividade que a permeia e, portanto, da impossibilidade de uma avaliação objetiva, já que levamos em consideração a memória dos processos vividos. De quanto um fato narrado é re-elaborado e re-construido, pelos vários mecanismos que atuam na formação, consolidação e recuperação das lembranças, e devemos considerá-los tanto do ponto de vista neurobiológico como na perspectiva das influências do meio sócio-histórico onde vive este "sujeito de memória". Nesta perspectiva os esquecimentos, e os silêncios, têm um papel crucial. O que e quando falar ou calar?

Segundo Gagnebin, o fluxo constitutivo da memória é atravessado pelo refluxo do esquecimento, e este não seria só uma falha, um "branco" de memória, mas também uma atividade que apaga, renuncia, recorta, opõe ao infinito a memória a finitude necessária da morte e a inscreve no âmago da narração. (1999:3)

Nos relatos o quanto são reais as figuras – personagens – e os cenários, e qual o "papel" do narrador? Ao contar, o narrador – herói possível - reconstrói sua história e as figuras que dela fizeram parte – é o passado que, chamado e filtrado pelo presente, volta reelaborado em sua verdade possível. Assim, como afirma Halbwachs (1990), para algumas lembranças reais junta-se uma massa compacta de lembranças fictícias. 17

Assim a verdade das narrativas deve ser analisada considerando-se a complexidade dos sujeitos - suas ambigüidades, subjetivas e permanentemente (re)construídas. Estas tornam-se palavras, signos de comunicação, de transmissão e preservação de um passado vivido e reconstruído no presente. Trabalho de reconstrução por meio da linguagem, elemento socializador do homem e suas histórias. Através das palavras recompomos "magicamente" o passado, que incorpora também o sonho, a fantasia, o devaneio – o imaginário da cultura. Diz Maturana, que a existência humana acontece no espaço relacional do conversar sendo a linguagem um fenômeno biológico relacional, porque se constitui por meio de uma interação entre conversar e emocionar, denominada por ele de linguajear. Assim, o linguajear é a base da nossa humanidade, que fruto de convivência aparece entrelaçado com o emocionar.18

Fazemos, então, uma articulação entre as considerações de Maturana e o conceito semiótico de cultura, como proposto por Geertz, que diz que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu – e esta teia de significados foi construída, como visto acima, por meio desta rede de conversações, do linguajear e do emocionar – considerando-se, assim, a cultura como sendo essas teias e suas análises.

A revisão e a re-significação da trajetória de vida e trabalho, por meio das narrativas, proposta nas Oficinas Memória e Cultura e Memória Autobiográfica: Teoria e Prática insere-se nas perspectivas acima apontadas, já que considera a complexidade dos seres e saberes, e enfoca a diversidade entre as várias maneiras que os seres humanos tem de construir suas vidas no processo de vivê-las. (Geertz, 2001). Leva a um saber ampliado construindo no grupo, e com ele, um método de trabalho na perspectiva interdisciplinar, que, na prática, já se faz ver nos resultados de muitos projetos que seguem estes pressupostos teóricos e metodológicos.

O projeto Oficinas busca, com base na ética, no encontro entre indivíduos que buscam os sentidos, nas trajetórias e nos projetos, a partir do presente - utilizando a memória como método e através do linguagear -, um caminho para projetos futuros.

Notas

1 Utilizamos o conceito de Interdisciplinaridade como desenvolvido por Ivani Fazenda, em 30 anos de estudos e pesquisas. Ela afirma que: Interdisciplinaridade é uma nova atitude diante da questão do conhecimento, de abertura à compreensão de aspectos ocultos do ato de aprender e dos aparentemente expressos, colocando-os em questão. (2001b:11) E completa: Entendemos por atitude interdisciplinar uma atitude diante de alternativas para conhecer mais e melhor; atitude de espera ante os atos consumados, atitude de reciprocidade que impele à troca, que impele ao diálogo – ao diálogo com pares idênticos, com pares anônimos ou consigo mesmo – atitude de humildade diante da limitação do próprio saber, atitude de perplexidade ante a possibilidade de desvendar novos saberes, atitude de desafio – desafio perante o novo, desafio em redimensionar o velho – atitude de envolvimento e comprometimento com os projetos e pessoas envolvidas, atitude pois de compromisso em construir sempre da melhor forma possível, atitude de responsabilidade, mas, sobretudo, de alegria, de revelação, de encontro, enfim, de vida. (2001a:82)

2 Tradução livre da língua francesa para resenha, efetuada por Brandão, publicada na Revista Kairós, ano 3, nº 3.

3 Entendemos por trajetória de vida ou trajetória identitária o processo de apreensão da realidade da qual cada indivíduo, mergulhado numa cultura (social ampla e familiar), abstrai, a partir de sua percepção única, reordena e transforma num projeto, profissão, modo e estilo de vida. O indivíduo é influenciado e influencia formando um elo, numa corrente sem fim, do que chamamos "saber", que constrói e dá sentido à trajetória humana.

4 Esta possibilidade confirma-se em muitas novas parcerias em projetos de trabalhos realizados, especialmente entre os participantes do Grupo de Estudo da Memória – GEM, formado pelos egressos deste projeto de formação continuada, a partir do ano 2001, confirmando um de seus objetivos.

5 Completa o autor: Nossas reminiscências também variam dependendo das alterações sofridas por nossa identidade pessoal, o que me leva a um segundo sentido, mais psicológico, da composição: a necessidade de compor um passado com o qual possamos conviver. Este sentido supõe uma relação dialética entre memória e identidade. (1997:57)

6 Afirma Boutinet: Trata-se sempre do projecto de um sujeito, que estabelece uma relação preferencial com certos objectos. Este projecto, que antecipa, permite modalizar a experiência passada, dando ao actor a possibilidade de melhor compreender, de melhor se reapropriar do seu projecto pessoal, que é um trajecto incessantemente orientado: não há trajecto sem projecto.(1996:307) (grafia original mantida)

7 Diz Lévy–Authier: Toda a minha vida está impregnada de saber... porque a linha da existência está sempre duplicada por uma linha de conhecimento que a recruza, a desposa e a ilumina. Porque o saber é uma dimensão do ser. (1995:100)

8 Tomamos como ponto de apoio a definição de Geertz: O conceito de cultura que eu defendo... é essencialmente semiótico. Acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e sua análise, portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas uma ciência interpretativa, à procura de significados (1989:15).

9Afirma Balandier: A antropologia reconhece na tradição uma carga de modernidade, pois toda a sociedade traz em si potencialidades alternativas; estas, em certas condições históricas, "podem se tornar a fonte de identidades, de estruturas e normas novas ou transformadas.(citação, feita por Balandier, da obra The Modernity of Tradition de L. Rudolph e S. Hoeber Rudolf). (1997a :173)

10 Diz Balandier: Tradição é uma reserva de símbolos e de imagens, mas também de meios que permitem apaziguar a modernidade... pode ser vista como texto constitutivo de uma sociedade, texto segundo o qual o presente se encontra interpretado e tratado. (1997b:39)

11 Sobre o tema, esclarece Balandier: As produções do imaginário tomam forma, materializam-se nas instituições e nas práticas, mas, ao mesmo tempo, elas são tratadas em proveito da ordem social e do poder que a guarda. (1992:27)

12 Portelli esclarece a respeito do papel da memória e do uso da expressão memória coletiva: Ainda que esta seja sempre moldada de diversas formas pelo meio social, em última análise, o ato e a arte de lembrar jamais deixam de ser profundamente pessoais... (e que)... à semelhança da linguagem, a memória é social, tornando-se concreta apenas quando mentalizada ou verbalizada pelas pessoas... as recordações podem ser semelhantes, contraditórias ou superpostas. Porém, em hipótese alguma, as lembranças de duas pessoas são – assim como as impressões digitais ou... as vozes – exatamente iguais. (1997:16)

13 Como diz Balandier, citando Focault: Considerar aquilo que somos em vias de cessar de ser, tratar... do "atual", quer dizer, daquilo que estamos em vias de nos tornarmos. (1997b:254)

14Diz o mesmo autor: Esse desencantamento progressivo da existência humana torna rarefeitas as fontes do imaginário que se constituiu e se enriqueceu ao longo dos séculos ou milênios, que foi provocador de obras de cultura, inclusive mais populares. (1997b:227).

15 Mestrados apresentados no Programa de Estudos Pós-Graduados da PUC-SP: Memória e alimentação: testando uma nova técnica. (2002) Vera Silvia Frangella. Orientadora: Maria Helena Villas Boas Concone; A alimentação na promoção da saúde em idosos hipertensos: testando uma nova técnica. (2002) Lucy Aintablian Tchakmakian. Orientadora: Maria Helena Villas Boas Concone. Doutorado apresentado à Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, área de concentração em Ciências Biomédicas: Oficina de revisão de vida e bem-estar subjetivo em mulheres idosas: Um estudo sobre um método de intervenção psicológica.(2005) Marluce Auxiliadora Borges Glaus Leão. Orientador: Joel Sales Giglio.

16 Diz Fazenda: Conhecer o lugar de onde se fala é a condição fundamental para quem necessita investigar como proceder ou desenvolver uma atitude interdisciplinar na prática cotidiana... A trilha interdisciplinar caminha do ator ao autor de uma história vivida, de uma ação conscientemente exercida a uma elaboração teórica arduamente construída. Tão importante quanto o produto de uma ação exercida é o processo e, mais que o processo, é necessário pesquisar o movimento desenhado pela ação exercida -somente com a pesquisa dos movimentos das ações exercidas poderemos delinear seus contornos e seus perfis. Explicitar o movimento das ações educacionalmente exercidas é, sobretudo, intuir-lhes o sentido da vida que as contempla, o símbolo que as nutre e conduz - para tanto torna-se indispensável cuidar dos registros das ações a ser pesquisadas...(2001:14-15)

17 Neste sentido trazemos as considerações de Guimarães dos Santos que afirma, enfocando também o aspecto psicoterapêutico da abordagem autobiográfica: A memória autobiográfica, tal como a concebe o Enfoque Compreensivo*, é uma espécie de síntese extremamente complexa e dinâmica – já que ela se transforma o tempo todo – de todos os relatos, de todas as estórias – mais ou menos históricas, mais ou menos coerentes, mais ou menos conscientes, mais ou menos compatíveis entre si – que contamos sobre nós mesmos e sobre a nossa trajetória no mundo, estórias nas quais cremos com graus variáveis de certeza e que nos constituem tanto quanto são por nós constituídas. (2005:63)* O conceito de Enfoque Compreensivo encontra-se desenvolvido no esclarecedor artigo do Dr. Cláudio Guimarães dos Santos – Envelhecimento, memória e psicoterapia - publicado na Revista Kairós, vol.8, nº 1, 2005.

18 O que nos constitui como seres humanos é a nossa existência no conversar... e nas redes de conversações ... parte de uma conversação em processo. Por causa do contínuo entrelaçamento do linguajear e do emocionar, que implica o conversar, as conversações recorrentes estabilizam o emocionar que elas implicam... e cultura nesta perspectiva, como rede de conversações, é uma configuração de coordenações de ações e emoções.(Maturana-Zoeller, 2004: 31-33)

 

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